8 de março é dia de homenagens. Empresas, dos mais variados ramos reservam esse dia no ano para reconhecer publicamente o valor das mulheres. Mas como não achar a homenagem e a "lembrancinha" vazias, quando as homenageadas são a maioria no total de desempregados da nossa cidade? Como faz para se sentir homenageada? Dados divulgados nesta terça-feira (6) pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), com pesquisa foi feita em 14 cidades, mostram que a taxa de desemprego aumentou entre as mulheres pelo terceiro ano consecutivo na Região Metropolitana de Porto Alegre. Esse índice passou de 11,2% em 2016 para 12,4% em 2017.
São tantas as agências empenhados nas belas campanhas em variados tons de rosa, que nem é preciso uma busca muito aprofundada para entender que a publicidade brasileira é majoritariamente masculina. A maior parte das empresas, que pagam por essas campanhas, ainda não eliminaram das suas seleções perguntas como: Está grávida? Tem filhos? Vai conciliar as demandas da empresa e o cuidado dos filhos?
Receber homenagens é emocionante, mas as sensações de pertencimento são insuperáveis.
O ambiente corporativo nos homenageia uma vez no ano e inferioriza a nossa capacidade como profissionais por sermos mães, em todos os outros dias. E isso antes mesmo de nos contratar! A jornada dupla é atribuída culturalmente a nós mulheres, e ao mesmo tempo que somos exigidas por isso, somos subjugadas por isso… Oi?
Muitos cantores e bandas "cantam mulheres" em março, mas quantas mulheres fazem parte das equipes de fato e quantos repensam suas letras românticas/machistas? Fotógrafos (muitas vezes reforçando estereótipos opressores de beleza) publicam ensaios sensuais com mulheres, para "homenagear" o belo do feminino. Mas quantos fotografam diferentes corpos ou indicam fotógrafas, e não os seus "parças", para os trabalhos que não conseguem pegar? Lógico que receber homenagens é emocionante, mas as sensações de pertencimento são insuperáveis. Porque só a sensação de concorrer em igualdade vai superar a vontade de lutar por direitos no dia 8 de março. Até lá, eu sigo lutando e troco homenagem por protagonismo.