Que futuro imaginar para crianças que chegam ao 3º ano do Ensino Fundamental sem um desempenho considerado suficiente em leitura e matemática? A revelação de que mais da metade dos alunos de escolas públicas no Rio Grande do Sul concluem o 2º ano sem habilidades mínimas de leitura _ como inferir o sentido de uma palavra em um texto, por exemplo _ não pode servir apenas para retórica. O Estado precisa agir com firmeza e eficiência para evitar que tantos alunos sejam prejudicados em consequência de deficiências crônicas no ensino público. Falhas de aprendizagem nessa etapa são difíceis de serem consertadas mais à frente.
Educação é a base do desenvolvimento, tanto para o Estado quanto para o país.
Questões desse tipo, que se repetem pelo país de maneira geral, impedem os alunos de assimilar outros conteúdos, o que compromete o aprendizado de maneira geral, pois é baseado na leitura. Na prática, as deficiências ajudam a explicar desde as dificuldades enfrentadas por quem se prepara para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) até os elevados níveis de evasão escolar. Quem não se dá bem com a leitura, acaba esbarrando em problemas também para uma percepção adequada do mundo ao seu redor, pois fica mais dependente de informações repassadas de forma oral ou visual. Em consequência, tende a sair prejudicado na vida profissional, pois as oportunidades de trabalho estão cada vez mais associadas ao conhecimento.
Recém divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (Ana) referentes a 2016 mostram uma melhora discreta no desempenho dos estudantes gaúchos. Embora acima da média nacional, os resultados são preocupantes. Apenas 51,06% têm suficiência em leitura e só 51,24% em matemática. Em ambos os casos, o Estado aparece como o oitavo no ranking nacional.
Mudar esse quadro não é tarefa fácil, mas algo precisa ser feito. Em âmbito nacional, a ONG Todos pela Educação calcula que, mantido o ritmo atual, seriam necessários 76 anos para garantir proficiência em leitura a todas as crianças antes do 3º ano.
O Rio Grande do Sul precisa agir rápido diante de uma situação em que mais da metade de quem estuda na rede pública não aprende a ler na idade adequada, ficando em desvantagem para seguir adiante. Educação é a base do desenvolvimento, tanto para o Estado quanto para o país. Às vésperas de mais um ano ano eleitoral, é importante cobrar a inclusão desse tema na pauta dos candidatos, buscando apressar soluções que se mostrem realmente efetivas.