* Jornalista e ativista LGBT
Dedico esse artigo para todas e todos que realmente se importam com a vida das nossas crianças, adolescentes e jovens. Trato de um tema delicado e que ganhou o espaço público recentemente a partir da campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. E o faço porque meu ativismo me leva constantemente para o ambiente escolar e universitário. E em todos esses espaços encontro as mesmas histórias se repetindo: casos de jovens vivendo com depressão e ideações suicidas.
Sendo ainda mais específico: são casos de jovens gays, lésbicas, bissexuais e transexuais convivendo com esses transtornos. Não raramente com um enredo repetitivo: preconceito e rejeição no ambiente familiar, bullying e perseguição dentro da escola. Existem pesquisas que apontam que a expectativa de vidas da população LGBT são reduzidas em ambiente explicitamente contrários à diversidade sexual e de gênero. E estes jovens, por todas essas circunstâncias lamentáveis, estão oito vezes mais propensos a tentativas de suicídio.
Fui um desses na infância. Perseguido no ambiente escolar, e recebendo todo o tipo de xingamento de garotos mais velhos, tive meu desempenho prejudicado e abandonei atividades que me faziam feliz, como a prática esportiva e o teatro. Quando assumi minha homossexualidade, a barra ficou mais pesada, pois morando em uma cidade de 20 mil ambientes no interior do Rio Grande do Sul, todos meus finais de semana eram marcados por ameaças e xingamentos. Foram essas vivências e a sensação de solidão e isolamento provocada por elas que me levaram a tentar o suicídio aos 18 anos.
Por isso a revolta com a decisão irresponsável e demonstração de profunda ignorância científica do juiz do Distrito Federal no sentido de permitir a "cura da homossexualidade". Na prática, alimenta o estigma e o preconceito sobre os nossos corpos e a violência de ser submetido a tratamentos psicológicos que procuram reverter aquilo que é natural e deve ser respeitado.
E eu jogo a responsabilidade para ti, leitor: tu fortaleces esse estigma ou mesmo ages com indiferença diante do preconceito? Tu te importas com crianças, adolescentes e jovens que têm suas vidas destruídas pela homofobia? Se sim, junte-se a nós em defesa da vida, do respeito e do futuro.