* Publicitário, ator e escritor
O senhor Luciano Alabarse merece todo o respeito da comunidade porto-alegrense pelos seus longos anos de serviço à cultura da nossa cidade, principalmente pelo Porto Alegre em Cena, que é um patrimônio cultural do município, e pela sua carreira como diretor de teatro que trouxe aos palcos gaúchos, ao longo das décadas, produções de relevância, revelando grandes atores e difundindo a dramaturgia internacional entre o público gaúcho. Hoje, é secretário municipal da Cultura da Capital, e torcemos para que sua inteligência e experiência possam auxiliar nossa cidade a sair do pior momento cultural de sua história.
Teatros abandonados e sem estrutura, corte de verbas para a cultura, elitização dos espaços culturais, centros culturais públicos praticamente desmoronando etc. Qualquer porto-alegrense que atue no campo artístico constata esse ambiente de decadência.
Paradoxalmente, vemos as ruas sendo tomadas por manifestações artísticas de resistência. Nossos artistas continuam produzindo com coragem, apesar de não terem mais espaço nem incentivo para se apresentarem e difundirem suas obras. Os que ainda não fugiram para São Paulo ou Lisboa resistem e cobram da nova prefeitura ações afirmativas de apoio às artes e não de privatização de espaços públicos artísticos para virarem espaços sem nenhuma relevância cultural – como ocorreu com o Araújo Vianna, que hoje cobra ingressos exorbitantes e apresenta shows e eventos de qualidade artística bastante inferior ao que as "novas caras" da cena cultural artística da cidade produzem.
Torcemos por uma política pública cultural à altura da qualidade dos nossos artistas. Não importa a ideologia política. Queremos a arte desatrelada de bandeiras de partidos e de organizações que não conhecem a cultura local. Nesta onda reacionária que toma conta da cidade, através de apoiadores do prefeito como o MBL, dentre outros partidos retrógrados brasileiros, esperamos que o olhar pretensamente moderno do prefeito seja de fato uma realidade e não um discurso de redes sociais apenas. Com isso, contamos com a resistência louvável de novos coletivos e grupos culturais que resistem ao poder do capital privatista da cultura, que a vê apenas como um Acampamento Farroupilha permanente.