O coro formado na sexta-feira por dezenas de milhares de pessoas que em Barcelona gritaram "Não tenho medo" e o rechaço global à barbárie registrada na véspera são as reações esperadas diante de atos de insanidade que tentam incutir o pânico por meio da radicalização do ódio. Quando terroristas, valendo-se apenas de um veículo, decidem eleger suas vítimas em pontos admirados como Las Ramblas, provocando dezenas de mortos e feridos, o alvo acaba sendo toda uma parcela da humanidade mais identificada com valores que não podem sucumbir a esse tipo de intimidação.
A nova estratégia do radicalismo começou a ficar clara há pouco mais de um ano, quando um veículo foi arremessado contra a multidão que comemorava a data nacional da França em Nice. Desde então, a insanidade vem fazendo vítimas em sucessivos atentados, como os da Ponte de Londres e o de uma feira de Natal em Berlim. Todos esses são pontos que costumam atrair tanto turistas quanto a população local, o que contribui para provocar mais impacto.
Atos como o registrado em Barcelona, de autoria reivindicada pelo Estado Islâmico, e até mesmo o da cidade norte-americana de Charlottesville, provocado por um ativista neonazista, reafirmam o quanto a humanidade deve se manter permanentemente atenta aos riscos do fanatismo. Esses casos demonstram que a intolerância pode surgir tanto a partir de grupos fundamentalistas religiosos, como os que atacaram frequentadores de uma mesquita em Londres, quanto de líderes de ideologia supremacista branca, como os que agem nos Estados Unidos.
Os países europeus dão uma lição ao mundo ao demonstrarem que não vão sucumbir à imposição do medo pelos terroristas. Líderes globais também precisam fazer a sua parte, investindo em alternativas voltadas para garantir mais segurança, com a adoção de atitudes firmes para prevenir e punir quem ousa atentar de forma covarde contra a vida de seres humanos.