Quando Bastiat resumiu o conceito de Estado como "a grande ficção através da qual todos tentam viver às custas de todos os outros", nos convidou a uma reflexão fundamental sobre o papel e os cuidados que os cidadãos devem ter com a estrutura que conduzirá as coisas públicas.
O Estado é fruto da experiência humana e sujeito, como não poderia deixar de ser, às falhas inerentes. É essencial mantê-lo dentro de limites estritos, uma vez que a tendência é que busque crescer descontroladamente para acomodar todos os interesses de quem o opera. Quanto mais o Estado cresce, menor é o espaço do indivíduo e maior é a obediência que se cobra em relação ao padrão de comportamento definido pelo próprio Estado. O labirinto regulatório abre espaço para a corrupção e um ciclo ainda maior de degeneração dos seus fins.
Implicitamente também nos lembra que o Estado não cria valor, mas toma e aplica parte do que a sociedade produz, substituindo a escolha de cada indivíduo pela da máquina burocrática. Cada benesse prometida a um grupo de interesse é, portanto, a justificativa para se tomar recursos produzidos por outros ou até por todos. Com o tempo, cria-se um equilíbrio na distorção e, mais do que isso, a inércia produz uma forte resistência a qualquer mudança.
Está pavimentado, então, o caminho da servidão previsto por Hayek. O governo passa a ter poder sobre tantos grupos de interesse que parece impossível que se mude a direção. Das corporações e sindicatos, passando pelo fomento empresarial e barreiras protecionistas, até as políticas assistencialistas, as necessidades, infinitas, nunca são atendidas completamente pelos impostos e sobram pretextos "nobres" para novos gastos e intervenções estatais. Esses, naturalmente, serão cobrados da sociedade. A ilusão do privilégio afasta as pessoas de combaterem a real causa dos problemas e o país cresce torto. Até não crescer mais.
Crises como a que vivemos são uma grande oportunidade para vislumbrarmos a realidade. O fato é que esse modelo é finito, destinado à falência do Estado e à miséria das pessoas. A saída é uma busca por maior liberdade, com reformas destinadas a empoderar as pessoas e reduzir o Estado. A reforma trabalhista, aprovada aos trancos e barrancos, é um exemplo concreto disso. Que venham as próximas!