* Médico
Vivemos em um país que navega em águas turbulentas. Os noticiários e as rodas de conversas são sufocados por novas divulgações a cada dia, a cada minuto. Vídeos, gravações e notícias giram em torno de delações, prisões, declarações de delegados, procuradores, advogados, políticos, ministros, magistrados. Algemas e algemados invadem as imagens que nos chegam, sem parar. Meliantes de gravata mentem deslavadamente.
Tudo nos remete às espúrias ligações entre o público e o privado: os desvios de dinheiro que manteria e construiria estradas e toda a infraestrutura carente de um país continente, sustentaria a precária saúde, impulsionaria a educação e nos contemplaria com um mínimo de segurança, que desapareceu. Andamos nas ruas sobressaltados, olhando para os lados, tensos, ou sequer saímos mais de casa.
O país está triste, indignado, temeroso e assustado. A recessão econômica, fruto da corrupção, sucessivas gestões públicas ineficientes e dívida interna impagável, retrai o desenvolvimento, alimenta o desemprego e potencializa o sofrimento de milhões de famílias. Não bastasse, ainda somos expostos a imagens de malas de dinheiro fétido circulando. E nem falo das intempéries que castigam milhares de cidadãos brasileiros.
O quadro é perverso, os indicadores econômicos padecem no ambiente lúgubre da recessão, ainda que, volta e meia, timidamente respirem com alento inconsistente.
Ante este cenário, precisamos acreditar em reversões positivas, em nome das gerações que nos sucedem. E lutar por um país melhor. O Brasil tem muitas histórias lindas para contar, como o acolhimento de inúmeras famílias que para cá imigraram ao longo de séculos e aqui contribuíram para gerar riquezas e desenvolvimento.
Acredito que os bandidos públicos e privados que nos espoliaram, e espoliam, haverão de perceber que a impunidade já não os acalenta. Polícia Federal, Ministério Público, Procuradoria Geral da República, magistratura estadual e federal e a própria mídia estão sacudindo o Brasil. Muitos políticos e empresários por certo precisam de hipnóticos para dormir, sobressaltados pelo fantasma da campainha de casa os despertando ao alvorecer.
O instituto da delação premiada revolucionou os mecanismos de combate à corrupção, assim como o aprimoramento de dispositivos de detecção de fraudes e desvios da verba pública. As inovações por certo intimidarão os futuros desviantes.
O que precisamos agora é preparar os jovens para o Brasil de amanhã. Eles têm o direito e o dever de ocupar espaços na política, estudar gestão pública e construir o país que merecem. Cidadania, honestidade, compaixão e formação de lideranças do bem. É a encomenda de todos nós.