* Médico pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre, professor universitário
O jovem que começa a fumar torna-se, em pouco tempo, escravo da nicotina para o resto da vida. É nisto que aposta a indústria do tabaco para ganhar mais um consumidor cativo.
O tabagismo continua sendo o maior problema de saúde pública, apesar dos avanços para seu controle. A Organização Mundial da Saúde constatou que a epidemia do tabagismo alastrou-se para os países mais pobres, onde não existe legislação para o tema e os cuidados com saúde são precários. Mesmo países que contam com políticas e leis antifumo enfrentam este problema.
Como consequência, as doenças relacionadas ao tabaco aumentaram e matam muita gente. No Brasil, embora mais de 26 milhões tenham deixado de fumar e muitos continuem tentando se livrar desta dependência, ainda são contabilizados 20 milhões de fumantes.
Para chamar a atenção sobre o problema a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) criou o Projeto Fumo Zero buscando fazer com que o cidadão abrace a ideia de zerar o fumo! Isto pode parecer impossível, mas só depende de nós. De fatores como o não fumante não se expor ao fumo passivo. Da atitude da família e dos educadores, evitando que os jovens comecem a fumar, do cumprimento da proibição de aditivos que disfarçam os cigarros com aromas e paladares agradáveis e da propaganda nos pontos de venda.
No fundo os fumantes gostariam de não fumar, mas sua dependência aniquila este desejo. Fumam, acima de tudo, por serem dependentes! O tratamento eficaz pode criar a atitude consciente do fumante. Pode zerar seu consumo de cigarros. Para isso, deve seguir quatro passos: ter desejo e motivação, preparar-se, marcar o dia D, e manter-se abstinente.
A Amrigs desenvolveu um trabalho pioneiro, passando a ser a entidade médica mais atuante no combate ao fumo. Como a mudança do comportamento coletivo é sempre muito difícil é fundamental que este trabalho seja consistente, envolvente, insistente e multiplicador. Com a atuação em rede dos profissionais da saúde, educadores, formadores de opinião, políticos e todos que queiram ajudar esta causa, a vida poderá ser muito melhor. Sem fumaça de cigarros, com pulmões respirando ar puro e com menos doenças e mortes.
Aproveitemos este 31 de Maio, Dia Mundial sem Tabaco, para uma reflexão simples e útil: vale a pena fumar? Você, fumante, aproveite e presenteie a si mesmo e aos que o amam com a melhor decisão da sua vida. Pare de fumar! Você pode!