Com uma monarquia eletiva, onde o dito presidente, para ficar na história, exige a execução de obras faraônicas e, para poder governar, precisa aliciar a qualquer preço um congresso absolutamente irresponsável, que não pode ser dissolvido em hipótese alguma, vote o que votar, aconteça o que acontecer. Com um absurdo sistema de eleições proporcionais, agravado por coligações, em que dezenas de partidos, sustentados por dinheiro público, se transformaram em meros cartórios de registro de incríveis candidatos que se entredevoram numa luta vale tudo de impossível fiscalização e o iludido eleitor só pode dizer sim a um candidato-isca.
Queríamos o quê? Com um Estado mastodôntico que se intrometeu em tudo com milhares de estatais, autarquias, institutos, programas, essenciais para dar abrigo a todos os apaniguados dos partidos e dos parlamentares aliciados, mas que abandonou o seu fundamental poder/dever de polícia. Com um manicômio tributário altamente regressivo (pobres muito mais taxados que os ricos) constituído por um amontoado de impostos e contribuições e abarrotado de isenções, reduções e incentivos compráveis e vendíveis. Com um governo que contrata obras gigantescas com base em anteprojetos, sem as licenças obrigatórias (alguém agiria dessa forma ao contratar a construção de uma simples residência?) e depois multiplica os polpudos aditivos contratuais.
Enfim, que resultados esperávamos com governos que jogam no lixo o orçamento público, principal arma de defesa do contribuinte e peça fundamental do planejamento, e assim podem gastar a rodo com o aplauso de todos nós, pois as contas bilionárias dos excessos (e das propinas) são remetidas via dívida para os futuros contribuintes, isto é, para quem ainda não pode reclamar.
Talvez estejamos errados: o lamaçal em que nos metemos é apenas uma questão moral. Nas próximas eleições só se apresentarão e serão eleitos candidatos íntegros, só competentes anjos assumirão os milhares de cargos públicos, só se aproximarão do monarca pessoas honestas e empresas éticas. Tudo moralizado, as reformas poderão ser iniciadas.