Em situações no limite, restam duas alternativas. Ou nos acomodamos, ou promovemos transformações. Foi este o desafio aceito por José Ivo Sartori. A incapacidade financeira do Estado já estava muito além do suportável e não havia outra saída senão enfrentá-la.
Medidas enérgicas não agradam a todos. É preciso determinação e coragem para encarar resistências do corporativismo e de interesses individuais de várias décadas. Um governo precisa pensar na totalidade da população, não em grupos distintos. E foi esta a opção de Sartori ao propor um novo Estado, em tamanho condizente com as possibilidades de mantê-lo eficiente.
No Plano de Modernização enviado ao Legislativo e já parcialmente votado, não há medidas de desmonte nem perdas aos gaúchos. Lá estão, sim, proposições de ajuste, para devolver ao Estado o equilíbrio entre a arrecadação de recursos e o gasto responsável, para que os cidadãos possam receber de volta o atendimento a que têm direito.
Ao revogar a razão social de fundações, o Estado não abandona o patrimônio cultural, ambiental ou de pesquisas nem serviços fundamentais. Estes continuarão sendo desempenhados, só que em estruturas menores e menos dispendiosas.
A maioria das estruturas que estão sendo modificadas surgiu na década de 1980, quando a realidade do Estado era outra e não havia a tecnologia de hoje. Seria irresponsabilidade manter uma máquina antiga e cara, unicamente para atender aos interesses de um pequeno grupo. Esta, sim, seria uma agressão à sociedade.
Ao contrário da afirmação do professor Francisco Marshall neste espaço, na sexta-feira (3), nada foi decidido sem embasamento. Todas as propostas resultam de análise profunda sobre economia de despesas, aperfeiçoamento da gestão e da qualidade de serviços. Também não foi desprezado o diálogo. De maneira transparente, as ações para resgatar o Estado do naufrágio foram debatidas Estado afora.
O Rio Grande não pode mais ficar preso à mentalidade retrógrada, ultrapassada e patrimonialista, nem ao academicismo ideológico e divorciado dos anseios sociais. Uma pesquisa encomendada por entidades representativas do setor produtivo já revelou que 72,4% dos gaúchos aprovam o plano de Sartori. Contrariar esta maioria seria, aí sim, fundamentalismo ideológico.