Num Estado em que, no período de 15 anos, o número de latrocínios – roubo com morte – aumentou 50%, só pode preocupar mais ainda a constatação de que nada menos de 5.116 presos estão soltos nas ruas por absoluta falta de espaço físico. Destes, somente 2.878 usam tornozeleiras, que apenas informam a localização do apenado, mas não evitam a criminalidade. Vagas em presídio são um pressuposto óbvio para que o poder público possa fazer justiça. E, embora não se constituam na única forma de acenar com mais segurança, não há como garanti-la sem enfrentar o caos prisional.
É inadmissível que, no mínimo há uma década, o Presídio Central de Porto Alegre venha sendo apontado como um dos piores do país, sem que nada tenha sido feito para reverter essa situação. É igualmente inconcebível que, de 101 prisões gaúchas, nada menos de 23 estejam interditadas, 16 delas por superlotação. Não há como pensar em recuperação de prisioneiros numa situação dessas, que só fortalece a atuação de organizações criminosas com livre poder de ação dentro e fora dos presídios.
Não é justo que a sociedade gaúcha fique exposta a riscos desnecessários, além dos muitos que já se mostram a cada dia mais preocupantes no cotidiano. O Estado não pode passar a ideia de que, diante dos problemas financeiros do setor público, se mostra conformado com a impunidade. É preciso enfrentar logo essas questões, melhorando as condições de atuação dos organismos policiais.