Participei recentemente de um seminário em Nova York, onde participaram mais de cem empresas brasileiras de capital aberto e mais de 800 investidores sediados nos Estados Unidos, basicamente gestores de fundos e muitos deles focados em mercados emergentes.
Na ocasião, constatei um grande interesse pelo Brasil, mesmo com a crise econômica que ainda persiste.
Como diretor de Relações com Investidores do Banrisul, lá estive e somente não realizei mais reuniões por falta de agenda, o que também ocorreu com diversas empresas presentes.
É grande o interesse em entender o que aqui ocorre e como se desenrolará a atual crise econômica, em especial após a conclusão do processo de impeachment e a capacidade do novo governo em aprovar as reformas necessárias para colocar o país no rumo da recuperação, com um novo modelo econômico.
Externamente, o Brasil é ainda visto como um país com grandes potenciais, porém, foi imprudente nos rumos tomados anteriormente e depende da capacidade do novo governo de implementar as reformas necessárias e na velocidade correta.
A troca de governante ensejou uma mudança radical de rumos, através de um novo arranjo econômico que equilibraria a questão fiscal no longo prazo, com a conjugação da PEC dos gastos, com a reforma da Previdência, a modernização das relações de trabalho e velocidade na definição e implementação do programa de concessões, como forma de acelerar os investimentos em infraestrutura.
No momento atual, constata-se uma postergação da retomada econômica esperada em razão da performance da economia real, com os desempenhos negativos recentes de indústria, comércio e serviços, a redução dos investimentos e o desemprego ainda em alta. Mantém-se uma projeção de queda do PIB em 2016 próximo de 3,5% e começam a ser reduzidas as projeções para 2017.
Um ponto positivo que poderia ser mais bem explorado é o do benefício da redução gradual da inflação; medida pelo IPCA, explodiu para 10,7% em 2015, devendo fechar este ano próxima de 7%, com projeções do mercado de que em 2017 chegue a algo como 5%.
Observando-se a política monetária atual do Banco Central, talvez por reflexos de equívocos anteriores, há um conservadorismo excessivo na manutenção do atual nível da taxa Selic. Na busca, correta, de alcançar o chamado centro da meta de inflação, fixada em 4,5% anuais, permanece a prática de uma taxa elevada, com juros reais, descontada a inflação projetada, próxima de 9% ao ano, entre os mais altos já praticados, em que pese a resistente recessão.
Pela gordura existente na taxa Selic, a providência imediata mais eficaz, enquanto se resolvem as reformas referidas, seria sua redução, ainda consciente, porém mais acelerada, o que criaria um estímulo econômico positivo no curto prazo.