O elevado percentual da população que se declara atemorizada diante da violência, confirmado pela décima edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado agora, é preocupante o suficiente para apressar providências por parte do poder público. É inadmissível que governantes se mostrem impassíveis diante da constatação de que três em cada quatro brasileiros têm medo de serem assassinados. E é igualmente inaceitável que o temor de morte violenta seja maior entre pessoas de menor renda, para as quais os riscos são oferecidos tanto por criminosos quanto por policiais.
O levantamento feito em agosto pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) confirma em dados o medo da violência que atormenta hoje uma parcela cada vez mais expressiva da população. A cada nove minutos, uma pessoa é morta violentamente no país. Em dois anos, foram mais de 1 milhão de carros furtados ou roubados. E, mesmo tendo diminuído em número, crimes como o estupro estão incorporados no cotidiano, o que ajuda a explicar uma preocupação maior com a criminalidade entre as mulheres.
Preocupante em âmbito nacional, a violência inquieta ainda mais no Rio Grande do Sul. Ao contrário do que ocorre no restante do país, a insegurança no Estado aumenta, enquanto os investimentos no combate à criminalidade não acompanham essa expansão.
Os dados precisam contribuir para apressar as ações governamentais nessa área. A sociedade não pode continuar refém de um medo que interfere cada vez mais na sua rotina.