À exceção de alguns municípios onde haverá "segundo ato" na eleição majoritária, no domingo que passou, participamos – alguns pela primeira e outros mais uma vez – do exercício que ainda é a expressão máxima de nossa democracia representativa: votar e eleger!
As escolhas deveriam ter suplantado o personalismo de nossos salvadores. Já a bandalheira nacional envolvendo políticos em corrupção refletiu-se diretamente no pleito deste ano, que não contou com as pomposas doações de empresas para candidatos.
Também a propaganda eleitoral limitou a ostensividade agressiva dos caça-votos. Consequência disso foi o clima blasé pelas ruas durante a corrida. Indiferença sintomática daqueles que cumpriram mera obrigação, quase não se percebeu a passagem pelo período eleitoral.
O porquê disso é a falta de empoderamento daqueles que votaram. E votar em branco ou nulo não foi reflexo desse "poder" e tampouco espelhou o protesto dos que, mobilizados por redes sociais, contra ou a favor, foram às ruas no recente processo de impeachment.
Esse novo cidadão que participa, surgido do mundo virtual, o cibercidadão, o "Netizen" (termo inicialmente usado em 1992 na Columbia University), não se satisfaz com o processo de eleição onde nomes são postos sem exprimir sequer a hashtag "me representa".
Sob essa ótica, o cidadão (indivíduo da cidade) e a democracia (poder soberano do povo) perderam sua matriz, pois o relegaram à margem da participação direta. Ao cibercidadão importa opinar, inter-relacionar-se com causas, ideias, propostas e com o mundo que o cerca global, local e socialmente.
Frente a isso, surgem os questionamentos: qual candidato melhor contemplou tais premissas? Que representante poderá propiciar ampla participação daqueles que o elegeram e se submeter a abrir mão de poder decisório ou de representação?
Nesse degrau de decisões que se iniciaram está o primeiro passo para a nova democracia, para o novo eleitor participativo. Só votar não basta, e as escolhas começaram agora!