Encerrada a primeira rodada das eleições no Rio Grande do Sul, o que se pode concluir, antes mesmo da definição nos quatro municípios gaúchos que ainda terão segundo turno, é que foi uma campanha limpa, transparente, de alto nível. Com raríssimas exceções, não houve baixarias nem atos de violência. Resta aos gaúchos apostar que, na próxima etapa de votação em Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Canoas, a disputa se mantenha sadia e que os candidatos concentrem suas ações e discursos em projetos factíveis para melhorar a vida das cidades.
Em muitos aspectos, a peculiaridade de esta campanha ser a primeira realizada de acordo com a nova lei eleitoral contribuiu para a preservação de um nível elevado, permitindo um diálogo mais direto e produtivo entre candidato e eleitor. O simples fato de os postulantes a voto não terem contado com o dinheiro de empresas, incluindo empreiteiras, já significou um ganho importante, que precisa ser preservado com fiscalização rigorosa e permanente.
Ao limitar os orçamentos aos recursos doados por pessoas físicas, a nova lei tornou as campanhas mais sintonizadas com a situação financeira do setor público no Estado e no país. Garantiu também mais ética à busca por votos.
Assim como a redução de recursos, a diminuição do tempo de campanha permitiu maior objetividade no diálogo entre candidato e eleitor. Ficou claro que estratégias bancadas por quantias elevadas de dinheiro, em muitos casos de origem duvidosa, nada têm a ver com avanços na democracia. Ao contrário, servem muitas vezes para ameaçá-la, ao colocar a própria política em descrédito.