As negociações relacionadas ao impeachment de Dilma Rousseff garantiram ao presidente Michel Temer uma maioria no Congresso semelhante à assegurada a Itamar Franco ao tomar posse em 1992, numa situação igualmente traumática, depois do afastamento de Fernando Collor. Se há mais de duas décadas a base aliada ampla permitiu a aprovação do Plano Real, a dúvida agora é se um nível semelhante de apoio parlamentar vai ajudar no aval a medidas que são imprescindíveis e inadiáveis, mas muitas delas impopulares. Diante da gravidade da crise, ou o Congresso se mostra responsável, ou o exaustivo processo pelo qual o país acaba de passar pode não contribuir em nada para quem está à espera de crescimento econômico e emprego.
Editorial