A Polícia Federal deflagrou ontem a 34ª fase da Operação Lava-Jato, denominada Arquivo X, marcada pela prisão temporária do ex-ministro Guido Mantega e de mais sete pessoas, além de oito mandados de condução coercitiva e 33 mandados de busca e apreensão. O nome da operação é uma referência à empresa OSX, do empresário Eike Batista, que costumava batizar as suas companhias sempre com a letra "X", segundo ele um sinal de multiplicação de riquezas. A suspeita, porém, é de que havia uma multiplicação de fraudes: a investigação apura irregularidades em dois contratos assinados entre a Petrobras e o consórcio Integra Offshore, formado por OSX e Mendes Júnior, para a construção de plataformas petrolíferas e para a exploração das reservas do pré-sal.
O fato mais impactante da operação policial foi a prisão, revogada poucas horas depois, por razões humanitárias, do mais longevo ministro da Fazenda desde a redemocratização e homem de confiança dos governos Lula e Dilma. Mantega é acusado de negociar com as empresas contratadas pela estatal para repassar recursos destinados ao pagamento de dívidas de campanha do PT. De acordo com depoimento espontâneo do empresário Eike Batista, que tinha livre acesso ao Palácio do Planalto nos governos petistas, o ex-ministro teria pedido (e recebido) US$ 2,35 milhões para facilitar contratos com a Petrobras, além de outros R$ 5 milhões em 2012 para saldar dívida de campanha com o marqueteiro João Santana.
São gravíssimas as acusações, considerando-se o cargo por ele desempenhado. Mas sempre é bom lembrar que prisão temporária não significa condenação. O ex-ministro, mantido em liberdade para acompanhar a internação hospitalar de sua mulher, continua sendo investigado por suposta participação no esquema delituoso que saqueou empresas estatais e os cofres públicos.