Pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta semana causou estarrecimento ao revelar que um em cada três brasileiros responsabiliza as mulheres pela violência sexual de que são vítimas. Essa visão machista e ultrapassada, de certa forma, respalda um dos aspectos mais dramáticos da violência de gênero no país: o fato de que, a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada. E os registros oficiais apontam para quase 50 mil crimes desse tipo todo ano, sem contar aqueles que não vêm a público devido ao silêncio das vítimas e à omissão da sociedade.
O preconceito é tão forte, que mesmo um número expressivo de mulheres, cerca de 30% das inquiridas na pesquisa, concorda que "a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada". Essa deformação cultural é definida pelo sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – a ONG que encomendou a pesquisa –, como déficit civilizatório.
O caminho para superar esse gap cultural, concorda a maioria dos especialistas, é a educação, principalmente a familiar, pois os meninos devem ser ensinados desde cedo de que as mulheres devem ser respeitadas. E todos – meninos e meninas, homens e mulheres – têm que ser estimulados a falar sobre esse tema, pois o diálogo é o melhor caminho para o entendimento e a colaboração.