A covardia (com homem não fariam) dos endinheirados paulistas que achincalharam Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo, há dois anos, teve seu desfecho ontem quando uma costurada trapaça devolveu o futuro do Brasil àqueles que desde sempre o sugaram. O que foi grosseiro agora se engalana: o Julgamento do Senado é o nome que se dá a um procedimento, construído sobre comportamentos desavergonhados jamais vistos e comandado por um títere daquele Aécio derrotado. A começar pela hipocrisia de nominar julgamento um conluio para resultado já anunciado e a terminar pela desfaçatez de assumirem que será político o veredicto que a ordem jurídica exige seja jurídico. Escorados nas indefinidas "pedaladas", impostores com ares de sábios proclamam um "conjunto da obra" para superar a inexistência de crime autorizador de impeachment. Como senadores, não seriam impostores, posto que eleitos, mas como magistrados, condição que conceitua quem julga, o são.
Foi burlesca a sanha dos "fora Dilma": tilintaram panelas inox nas noites das sacadas de vidro "fumê" e se arreganharam para patos, pixulecos (remetidos e financiados pela sempre redentora Fiesp), nos ensolarados parques domingueiros. Deu-se a esse 1,5% da sociedade brasileira, obviamente a mais rica dela, a universalidade de "a voz das ruas".
Percebendo a oportunidade do palco que o voto nunca lhes deu, assaltaram-no os atores versados em trama. Exercendo um dos mais abjetos atos humanos, a traição, um vice-presidente e outros tantos, ministros da República, conspiraram. Ladinos e sombrios, sob a batuta do visceral camarada deles, Eduardo Cunha, foram catapultados ao Palácio do Planalto. E lhes foi permitido o golpe; sequer de máscaras necessitaram posto que, embora usurpadores , como tal não os qualificou a mídia, dita independente. Tampouco quem tal deveria: o Supremo Tribunal Federal.
E as feras da "Lava-Jato", que rugiam no picadeiro quando presenteadas por delações contra alguém do partido da presidente, que os nomeou e os manteve para operarem com autonomia, passeiam pesadas, lerdas e bocejantes, na arena, quando deparam com os que até a lei planejam mudar para "evitar a sangria"; esses, agora interinos, quando sentirem a caneta segura na mão, vão ejetá-los de Curitiba para distantes aduanas. Salvo se retomarem a inexpressividade investigatória dos tempos peemedebistas e tucanos.
Então, e apesar de tanto, quando chegar setembro a grande fraude cívica se consagrará. Sem o palavrão da abertura da Copa do Mundo, mas subserviente a ele; com a delicadeza de passos felinos e voracidade de vampiro.