Do total de 585 candidatos a vereador em Porto Alegre para a eleição de 2016, 20%, ou 117, são pretos ou pardos, o que se pode comemorar como um número expressivo comparado com os pleitos dos anos 80 e 90, quando a participação desse grupo era reduzida. Além disso, outro saldo a festejar é o crescimento de eleição em eleição da parcela de pretos e pardos que se alçam em busca do cargo parlamentar.
Entretanto, o sucesso desses concorrentes ainda esbarra num conjunto de fatores que vai do amadorismo e ingenuidade ao limitado recurso financeiro, passando pelas distorções internas dos partidos políticos e do sistema partidário.
O amadorismo vem por conta do cálculo equivocado da maioria desses candidatos ao se lançarem na disputa eleitoral, contando com o simples fato da sua ampla relação de amizade num grupo social específico de pessoas ou, ainda, esperando os votos junto aos familiares ou a ajuda do time de futebol dos fins de semana.
Quanto às distorções, elas se devem ao fato de que os partidos políticos distribuem desigualmente seus fundos partidários e doações, prevalecendo internamente a lei dos mais fortes, dos mais influentes e dos mais brancos. Além disso, quando esses partidos chegam ao poder, alijam os negros dos cargos de elite nos seus respectivos governos, que, em última instância, são cargos que colaboram para a obtenção do capital político. Ou seja, os partidos políticos obedecem à mesma lógica das estruturas da sociedade brasileira, qual seja, racista, oligarca e machista.
Portanto, urge a necessidade de uma reforma política para que os segmentos sociais que já são excluídos na sociedade, nos partidos, possam ter garantidos, através de políticas compensatórias, os espaços e as condições para a competição eleitoral. É importante que grupos historicamente excluídos se vejam representados no poder, pois, além da autoestima, participar dos processos de decisões também corresponde a cidadania. Ou seja, uma democracia não se faz somente com o ato de votar e ser votado, mas, principalmente, com um parlamento que represente todas as camadas sociais.