É preocupante que, mais uma vez, a agenda de reformas fundamentais para a retomada do crescimento econômico no país seja adiada, agora pelo fato de parlamentares da base de apoio do governo Michel Temer se mostrarem preocupados com as consequências das mudanças para a campanha eleitoral. Além de divisões em relação à chamada PEC do Teto, o receio de perder eleitores com providências impopulares já provocou o adiamento da reforma previdenciária, que só deverá merecer atenção do Congresso depois do pleito. As duas medidas são consideradas essenciais para iniciativas como o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), lançado na última semana, do qual dependem avanços principalmente na área de infraestrutura.
O país só conseguirá atrair os investimentos necessários para compensar a falta de recursos oficiais quando garantir um limite de gastos, como prevê a iniciativa em análise por comissão especial da Câmara. Ao mesmo tempo, é importante que seja definido um cronograma para a votação da reforma da Previdência, capaz de conter uma das principais causas de expansão do déficit público. A essas questões prioritárias, precisam se somar outras, como o projeto sobre terceirização, que antecede a reforma trabalhista, e o relacionado à dívida dos Estados, hoje na dependência de exame pelo Senado.
Depois de se valer da interinidade como desculpa para adiar decisões importantes, o governo não tem mais como esperar para aprovar mudanças emergenciais. Os políticos precisam dar mais atenção aos reais interesses do país, preocupando-se menos com a eventual perda de votos na campanha eleitoral, que em 2018 estará novamente de volta às ruas.