Depois de um período de três anos sem crescimento, em que acumularemos uma queda do PIB próxima de 7,5%, começam a ocorrer mudanças nas expectativas de consumidores e empresários, com sinalizações de expansão econômica para 2017, uma vez superada a crise política.
A recessão que enfrentamos deixará consequências que dificultarão as condições para a retomada desejada. O tecido econômico brasileiro, impactado por um conjunto de desequilíbrios, manteve, mesmo depois do Plano Real, pressões inflacionárias nunca bem resolvidas e que se alteraram em sua natureza ao longo dos anos.
O principal instrumento utilizado para o combate à inflação vem sendo a política monetária, onde a taxa de juro é a principal ferramenta. Ela é aumentada quando a inflação se eleva, visando, com o encarecimento do crédito, desestimular a atividade econômica, combatendo pressões de demanda, bem como o Banco Central busca administrar as expectativas dos agentes econômicos.
A taxa oficial de juro, conhecida como Selic, é definida pelo Banco Central e visa trazer a economia para uma inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, a chamada meta, atualmente em 4,5% ao ano. Desde 1999, esse instrumento vem sendo utilizado e compõe o denominado sistema de metas de inflação.
Destacamos que a definição da taxa Selic deve levar em conta a inflação esperada para os próximos 12 meses, usando-se o IPCA, mais uma taxa de juro real, que determinará se a Selic visará estimular ou desestimular a atividade econômica. Quanto a taxa de juro real é elevada, desestimula-se a economia.
No Brasil, e há dificuldades de se saber de onde saiu, convencionou-se que a taxa real neutra deveria seria de 6% ao ano e isso explica, em grande parte, a elevada taxa de juro do país.
Em um exercício utilizando-se uma média simples, desde 2002, verificamos que a Selic média foi de 13,7% ao ano e a taxa real de 7,75% ao ano. Na segunda metade de 2012, praticaram-se as menores taxas Selic e real, de 7,25% e 1,7%, respectivamente, porém muito mais por um "voluntarismo monetário" do que viabilizado por uma melhoria consistente da economia. A explosão do gasto fiscal que adviria e o estímulo monetário na hora errada explicam, em grande parte, a atual crise, por serem incompatíveis.
O tamanho da dívida pública, a incapacidade em equilibrar receitas e despesas e uma inflação resistente dificultarão a desejada redução dos juros brasileiros a curto e médio prazo e tendemos a perpetuar um nível elevado de taxas nominais e reais, o que deve penalizar consumidores e empresários e limitar nosso crescimento.