Começo este artigo dizendo que compro a opinião dos especialistas que alertam para os efeitos nocivos da maconha (propositadamente não uso aqui o nome cannabis, carinhosamente utilizado por seus simpatizantes), tanto pelos efeitos negativos para a saúde, como suas pesquisas bem indicam, quanto pelo problema social decorrente de ser considerados também como porta de entrada para drogas mais pesadas.
Vou tentar aqui fazer uma abordagem econômica, reforçando que parto dos princípios e justificativas referidos no parágrafo anterior de danos à saúde.
Questão que ainda restringe seu consumo e comercialização é sua ilegalidade e, se existem aqueles que o acham bacana e inofensivo, há ainda um contingente significativo da sociedade que assimila o conceito de nocividade de sua utilização.
A eventual liberação da comercialização traria uma primeira nova informação de que "não fazia tão mal quanto se alardeava, tanto que foi liberada", o que tenderia a banalizar e expandir rapidamente seu consumo.
Conhecendo nosso país, a primeira iniciativa do poder público seria a de taxar sua venda, da mesma forma com que é feito com aqueles produtos considerados danosos à saúde, como cigarro e álcool. Quem consome um cigarro fuma mais imposto do que tabaco, e o contrabando e a produção ilegal são enormes.
Pela previsível elevada carga tributária que a maconha teria, a eficiente e estabelecida estrutura clandestina do tráfico de drogas certamente seria mantida e estimulada, pois a ofertaria a menores preços, mas sua atividade não mais seria tipificada como tráfico de drogas, mas sim de contrabando ou sonegação fiscal. Vamos combinar que diminuiria o risco da contravenção.
Liberado o consumo, o tráfico sairia fortalecido em seus negócios e mais tranquilo para operar com as demais drogas, a partir da base operacional construída e facilitada pela comercialização de um produto de consumo legal.
Confortável, despreocupado e quase estimulado, certamente teríamos aumentado o contingente de usuários de drogas em geral no país e o tráfico ilegal permaneceria, talvez expandido.
Como no Brasil, e não existem comparáveis, esta estrutura paralela, organizada e competitiva, seria estimulada, manteria e consolidaria sua capacidade de distribuição, baseada principalmente em seu preço bem inferior ao do produto legal, então com um mercado aumentado pela legalidade do consumo, conforto e despreocupação pelo usuário da droga.