Quando começou a fase decisiva do impeachment, plantei-me insone ante a TV Senado, ouvidos atentos aos relatos do Daniel Scola, Kelly Matos, Matheus Schuch e Silvana Pires pela Gaúcha. E logo surgiu a primeira "questão de ordem", palavras mágicas usadas pelos participantes de assembleias para falarem de maneira surpreendente e antirregimental. Nos primeiros embates no plenário, era só o que se ouvia, até que cada um conquistasse o espaço desejado.
Esse tempo acabou. Agora, depois do discurso de Dilma, cumpre-se o período das formalidades derradeiras de um jogo que parece estar jogado. É a minha vez de pugnar por uma questão de ordem, para incluir no debate uma figura destacada da história brasileira recente. Refiro-me a Joaquim Barbosa, que presidiu o Supremo Tribunal Federal quando foram condenados os corruptos do processo apelidado de mensalão. Vou às reflexões que fazemos nós, cidadãos brasileiros, depois de ouvir, mais uma vez, o que diz aquele magistrado que o Brasil admirou e aplaudiu e que muitos cogitaram pudesse vir a ser lançado como candidato à Presidência da República.
Palavras de Joaquim Barbosa são lembradas por quem examina o processo com olhar técnico equidistante. Penso da mesma forma que Joaquim Barbosa tem externado em suas palestras. Aceito sua proposta de uma efetiva troca de rumo, com novas eleições presidenciais, em decorrência de julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE, que pode acontecer tardiamente, causando novos impasses.
Questão de ordem para lembrar que Joaquim Barbosa disse com clareza e com todas as letras: "O impeachment é destituído de legitimidade porque excluiu o povo. O processo de afastamento de Dilma Rousseff aconteceu e foi conduzido de forma criticável. Não somos um bando de boçais que pode ser conduzido com essa sem-cerimônia. O impeachment de Dilma é destituído de legitimidade profunda. Não é assim que se governa um país. Isso precisa de nós, o povo".
Questão de ordem deferida para ouvirmos Joaquim Barbosa.
Leia outras colunas em
zerohora.com/claudiobrito