A menos de um mês da polêmica data definida para votação em plenário da cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – dia 12 de setembro, uma segunda-feira, quando não costuma haver quórum para decisões –, muitos parlamentares se mostram mobilizados para esvaziar a sessão ou para realizá-la somente depois das eleições. Se forem levadas adiante, as intenções só podem merecer o repúdio da sociedade. Em ambos os casos, o resultado deve ser a preservação do mandato de um parlamentar que, pelo histórico de malfeitos, perdeu há muito tempo as condições morais de continuar no cargo.
Graças a uma bancada considerável de aliados na Câmara, o parlamentar fluminense só não ocupa atualmente o terceiro posto político mais influente no país em consequência de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Ministério Público. Se depender unicamente dos colegas no parlamento, a decisão sobre a perda do mandato tende a seguir no mesmo ritmo do Conselho de Ética, no qual o processo teve um período de tramitação recorde. Daí a necessidade de pressão permanente a partir de agora.
Razões não faltam para a cassação. O deputado fluminense, que já foi denunciado três vezes ao STF pelo Ministério Público e já é réu em dois processos, figura como destaque entre os políticos denunciados da Lava-Jato. E, diante dos próprios colegas, mentiu em CPI ao negar ter conta no Exterior.
Para manter um mínimo de dignidade, os parlamentares precisam mostrar que têm disposição de punir politicamente Eduardo Cunha, que se transformou em símbolo de corrupção. Os eleitores, majoritariamente, não admitiriam outra atitude.