Há uma relação direta entre economia e política que o Brasil recente bem demonstra. O Plano Real, em 1994, elegeu Fernando Henrique Cardoso que percebeu, com os acertos e fracassos de planos anteriores, que, quando a sociedade captura uma sensação de melhoria de seu bem-estar, a aceitação política vem junto.
O grande avanço daquele momento foi o encerramento de um histórico processo de inflação elevada que retirava poder aquisitivo principalmente daquelas parcelas da população de menor renda. Os ganhos com a contenção inflacionária foram percebidos pela sociedade, o que passou a ser reconhecido como uma grande e esperada conquista.
A mesma percepção teve o presidente Lula, quando eleito, ao entender a importância da manutenção da inflação baixa e não vacilar em manter a preocupação com a estabilidade e parte da política econômica anterior.
Esse ponto possibilitou que o Brasil vivesse um período de expansão da atividade, com emprego e renda em alta, recolhendo os ventos de um bom momento da economia mundial, bem como com o aproveitamento de um mercado interno ávido pelo consumo e com o crédito abundante.
Aquela sensação de bem-estar sentida pela população fez com que o então presidente sobrevivesse ao escândalo de corrupção com o episódio do Mensalão, em que pese sua gravidade e consequências, e ainda viabilizou a manutenção de sua popularidade e da base política, o que permitiu a eleição de sua sucessora.
A principal mudança com Dilma Rousseff foi uma percepção diferente dos dois ex-presidentes, pois mudou os rumos da política econômica, pouco se preocupando com os resultados de longo prazo, com objetivos discutíveis, populismo fiscal e descaso com a inflação, que jogaram o país em uma inédita crise.
A deterioração econômica, com destaque para a elevação da inflação e do desemprego, foi sentida pela sociedade, que começou a cobrar a conta por seu conjunto de desacertos.
Mesmo considerando-se a profundidade do desgaste moral com a corrupção e as denominadas pedaladas fiscais, foi sem dúvida a destruição da economia que desmontou a frágil, mas pragmática base política que sustentava a presidente, que perdeu apoio também da sociedade, lembrando que quaisquer avanços sociais alegáveis desaparecem quando colocados frente à inflação, aos milhões de empregos perdidos e às milhares de empresas prejudicadas.
Embora pareça óbvio, é um aprendizado e tanto!