Quase diariamente me perguntam quando o Brasil volta a crescer e se já paramos de "andar para trás". A resposta tem sido "depende". Difícil acreditar que o país possa continuar encolhendo neste semestre e no ano que vem, porém pode acontecer enquanto a crise política não for resolvida, sendo o impeachment o ponto mais importante, não o todo. A própria eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados mostra que há muito por vir e que os conchavos pelo poder parecem sobrepor-se às prioridades de uma agenda positiva de trabalho com foco na Nação.
O governo interino tem se proposto a trabalhar em sete reformas: reforma fiscal, previdência (buscar sustentabilidade), trabalhista, política, tributária, administrativa e educacional. Destas, duas, se levadas a sério, podem contribuir no curto prazo para nos tirar do buraco.
A reforma fiscal é uma delas, e já se iniciou com uma equipe econômica com credibilidade, tomando ações de austeridade com foco na volta do superávit fiscal e com controle da inflação. Busca, também, fazer com que os Estados possam negociar suas dívidas, mas com compromisso de maior controle das despesas. Porém, há muito o que ser feito, e cortar da própria carne nem todos parecem dispostos.
A reforma administrativa é a segunda delas. Para efetivar as necessárias concessões, sem as quais não há como retomar obras básicas de infraestrutura, será preciso reformar a legislação envolvendo licitações, reduzindo entraves burocráticos e de órgãos regulatórios que encarecem os projetos e fomentam a corrupção. O Brasil pode acelerar muito os investimentos em infraestrutura e, como consequência, seu desenvolvimento e crescimento.
Apenas com o término do impeachment e com um alinhamento do Congresso Nacional com as propostas do governo será possível ter um cenário mais positivo para voltarmos a crescer. Por enquanto, poucas empresas investem, contratam e poucas pessoas se arriscam em comprar algo que possa comprometer o orçamento. O que falta? Falta confiança na eficácia do governo, e não há dúvida de que toda a crise política, econômica e moral, escancarada no processo da Lava-Jato e outros, reforça que precisamos encolher o tamanho do Estado, pois só vende favores quem tem favores a vender.