Os diálogos divulgados nas delações premiadas mostram, de forma insofismável, a falência da política brasileira. O envolvimento generalizado de todos os partidos políticos mostram o jogo miúdo de corrupção endêmica, baseada em articulações que subordinam o Brasil aos interesses menores de "líderes" eternizados pelo populismo e pelo clientelismo patrimonialista. O desenvolvimento sustentável e a busca de um futuro para o Brasil não é a pauta neste cenário rebaixado. Achar que o país, com este modelo vigente – agora escancarado publicamente – possa ter um futuro diferente da realidade atual não é ilusão, é ingenuidade.
A Operação Lava-Jato, amaldiçoada nas conversas íntimas de políticos históricos, tem exposto fatos para que a sociedade se posicione e exija mudanças. Se isso não ocorrer, os princípios motores do clientelismo patrimonialista vão se rearranjar e, seguramente, irão sobreviver sob uma renovada maquiagem.
Dizem – e se supõe – que existem políticos honestos, com valor, dentro deste coletivo socialmente desvalorizado. Mas onde estão eles neste momento? Onde está a reação suprapartidária a favor da ética e da moral que se insurja e diga: "basta!"? Qual o movimento organizado na política brasileira que se exponha suprapartidariamente contra este fisiologismo dos interesses pessoais e da próxima eleição? As reações são apenas palavras quase protocolares de repúdio, sem nenhuma atitude efetiva e prática que torne coerente o discurso com a ação. Não existe nenhum empenho concreto com o radicalismo necessário para mudar o status quo.
Em vez das dezenas de siglas partidárias de aluguel, que se valem do dinheiro público sem nenhuma contribuição ao Brasil, deveríamos criar uma sigla que aglutinasse políticos com um histórico de compromissos com valores éticos e morais. A agremiação poderia se chamar Partido da Ressurreição Política Brasileira, voltada para uma reconstrução da política como força motora para um futuro melhor. Um partido descontaminado, também, das ideologias anacrônicas e populistas. A sociedade precisa se mobilizar para assumir a condução do seu destino. Não podemos delegar essa missão a políticos que provocaram essa falência ética e moral do nosso país.