Um Machado é suficiente para cortar a corrupção que impera, desde sempre, na política brasileira, na esmagadora maioria dos partidos políticos e, por conseguinte, no Congresso Nacional? Não tenho a menor sombra de dúvida que a resposta, infelizmente, só pode ser negativa. É que um machado como ferramenta corta apenas o que está na superfície, a parte externa, o que aparece, não alcançando as ramificações, estas sim, que brotam novamente à superfície e acabam por florescer e dar frutos tão logo a aridez do tempo seja substituída por um clima favorável. Então nessa seara não há saída? Será, mesmo, que estamos fadados a viver sobre um solo sempre fértil ao brotamento e à fartura da corrupção? Penso que a resposta pode ser positiva, mas há um largo caminho para a supressão das raízes da corrupção, tubérculo cancerígeno que alimenta a política brasileira desde sempre.
Trata-se de caminho árduo, paulatino e que certamente frutificará após persistente e incansável semeadura desse castigado solo brasileiro por gerações e gerações. Mas como toda cultura em terreno arenoso, pedregoso e que tem ramificações de todo tipo de inço, há de ser lavrada a terra não apenas na superfície. Os sulcos para a semeadura devem ser profundos, com a terra sempre bem regada e adubada. Esse adubo, contudo, não pode seguir os insumos da indústria química tradicional: há de ter o húmus da pureza para que o câncer não seja extirpado com efeitos colaterais.
Mas de que cultura tão espetacular falo? De onde vem esse alimento tão poderoso? Os gregos já o conheciam e faziam uso dele com invulgar sabedoria. E os outros povos os seguiram e, modernamente, onde há os melhores índices de desenvolvimento humano, é lá que essa cultura vinga com soberba, pois encontra solo fértil, cultivado que foi por gerações e gerações.
Falo da cultura da educação. Enquanto a educação não for nossa prioridade absoluta, jamais extirparemos as raízes da corrupção. Mas se trata de semente que deve ser cultivada com todo o cuidado possível: professores qualificados e com salários dignos, estrutura adequada e escolas públicas com a mesma qualidade do setor privado. Eis a única luz no fim do túnel.