A crise econômica atual, em que a recessão e o desemprego são suas principais marcas, está permitindo que a sociedade perceba que o descontrole continuado do gasto público literalmente liquidou com as finanças não só da União como do conjunto dos demais Estados, questões fartamente divulgadas pela imprensa.
O atual governo federal prevê um déficit para este ano próximo de R$ 170 bilhões e um número não muito distante deste para 2017, ainda impactado pela dificuldade da recuperação econômica. O país não vai a lugar nenhum enquanto não encontrar o equilíbrio fiscal, e os primeiros encaminhamentos parecem corretos, na medida em que visam a contenção da despesa, antes de enveredar para o sempre nocivo aumento de impostos, raiz de nossos problemas estruturais.
O equilíbrio fiscal necessita trazer a sociedade para a realidade das coisas. Não há despesas públicas sem uma contrapartida de impostos para as pagar; como os impostos não foram nunca suficientes, além de aumentá-los, historicamente se recorreu ao endividamento, o que levou a dívida pública a se aproximar de 80% do PIB. É como se um cidadão que gasta mais do que ganha começasse a se endividar para pagar suas contas; em dado momento não pode mais tomar novos empréstimos e sua única solução é reduzir seus gastos, pois o crédito se esgota e necessita começar a pagá-los.
O Brasil não é diferente desse cidadão, pois, gastou e se endividou demais e necessita resolver uma dívida que começa a se tornar impagável.
O congelamento do gasto público, o teto nas despesas, considerando todos os poderes e a desvinculação das receitas da União são uma chamada à realidade, porém são insuficientes e dependentes de outras reformas, como no caso do sistema de previdência social, incluindo o funcionalismo público. Na medida em que atualmente ambos são crescentemente deficitários, direcionam-se impostos para cobrir o "furo" e apenas reformas realistas possibilitarão seu equilíbrio no tempo e desarmar esta "bomba relógio".
Se estamos cientes de que a dificuldade de sobrevivência das empresas e o crescente desemprego são consequências e contas pagas pela irresponsabilidade com o gasto público, podemos afirmar que o desequilíbrio fiscal de hoje é o desemprego de amanhã.
Ou entendemos esse conceito e viabilizamos um ajuste das contas ou o pior pode estar por vir.