Na condição de médico há 33 anos, conheço bem o sistema público de saúde. Diante das estatísticas referentes à gripe A, posso afirmar com segurança que o número de mortes é muito maior do que os divulgados pelas autoridades de saúde. Não se trata de alarmismo, mas a situação é bastante grave.
Faltando poucos dias para o início do inverno, crianças, jovens, adultos e idosos estão morrendo de gripe. Mas não é uma gripe normal, é a que acaba com o sistema imunológico de qualquer um, a influenza H1N1. A morte causada por gripe deve ser tratada como um fracasso do poder público. Os responsáveis pela saúde estão demonstrando ineficiência no combate dessa epidemia, assim como acontece na luta contra o mosquito Aedes aegypti, responsável por centenas de óbitos em todo o Brasil, vítimas da dengue, da chikungunya e do zika vírus.
Todos os anos é a mesma ladainha. Os casos de pessoas infectadas pelo vírus H1N1 vão surgindo e nós ficamos amedrontados. O governo, então, anuncia a campanha de vacinação, que na minha opinião é tardia. E, devido a essa demora, quem tem dinheiro se vacina em clínicas particulares, antes mesmo do início da campanha de vacinação pública.
Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul tem 11,2 milhões de habitantes e, incrivelmente, pouco mais de 3 milhões de pessoas têm o direito de serem imunizadas na rede pública. Essa é a realidade que precisa mudar. É necessário que o governo do Estado pressione o Ministério da Saúde e consiga mais vacinas para a população.
Enquanto isso não acontece, na Assembleia Legislativa, projetos de lei que tratam sobre esse tema estão parados. Para se ter uma ideia, desde 2013, o PL 149, de minha autoria, tramita na Comissão de Constituição e Justiça. A matéria tem a finalidade de ampliar o público-alvo da imunização, incluindo pessoas que convivem em ambientes escolares, repartições públicas e em todos os locais compostos por mais de 10 indivíduos para a realização de qualquer atividade. O projeto obriga, ainda, que a campanha de vacinação seja realizada em março. Caso essa realidade não mude, qualquer um pode ser a próxima vítima.