Poucas palavras sintetizam tão bem a situação atual de nossa economia quanto constrangimento.
É constrangedora a situação em que o Brasil se encontra, fruto da imprudência com que foi administrado nos últimos anos, onde o desrespeito a preceitos básicos de gestão foi regra. O resumo da fracassada nova matriz econômica, na qual o equilíbrio entre receita e despesa foi abandonado, gerando a farra fiscal e o aumento da carga tributária, estão no DNA da crise atual e que resultou em uma profunda recessão, alta inflação, com crescente desemprego e quebra de empresas.
Alguns indicadores recentes evidenciam o mundo real em que se situam empresas e trabalhadores que estão pagando a conta.
A Serasa Experian divulgou recentemente que os pedidos de recuperação judicial das empresas brasileiras quase dobraram nos quatro primeiros meses de 2016 em relação ao ano anterior. Foram 571 pedidos no presente ano. As micro e pequenas empresas lideraram, com 327 pedidos. A recuperação judicial é o último estágio ou tentativa de uma empresa em dificuldades antes de entrar em falência.
A deterioração patrimonial do conjunto de empresas afetadas pela recessão reflete a destruição de riquezas do tecido produtivo. Permanecendo a recessão, a tendência é de que esse número aumente. Constrangidos estão certamente esses empresários, que diminuem suas empresas e desempregam seus funcionários para tentar sobreviver.
Constrangidos estão também trabalhadores e suas famílias, certamente o lado mais cruel da crise. Em março último, segundo levantamento do IBGE, a taxa de desemprego alcançou 10,9%, atingindo 11 milhões de pessoas. Onze milhões não são números, são pessoas. Ao final de 2014, período eleitoral, eram 6,5 milhões de desempregados, ou 7,9 %, segundo o instituto, o que mostra a velocidade com que a crise evoluiu.
Como a situação econômica ainda não mostra sinais de recuperação, tendemos a referendar as projeções de mercado que indicam uma taxa de desemprego ao final de 2016 em torno de 13%, o que significa que poderemos ter próximo de mais 2 milhões de pessoas desempregadas.
Provavelmente, até Simon Bolívar, se visitasse o Brasil nos dias de hoje, ficaria constrangido.