O debate sobre a reforma ministerial feita recentemente pelo governo interino esconde uma questão muito mais profunda do que simplesmente quais portas se abrem e quais se fecham. Na verdade, de forma implícita, a existência de um ministério reflete uma crença sobre qual é, afinal, o dever do Estado.
O governo de um país, para servir aos seus cidadãos, deve obviamente contar com uma equipe adequada aos limites do seu mandato. Assim, Ministérios como Defesa, Saúde, Educação, Fazenda e Relações Exteriores são criados. Com o tempo, contudo, insiste-se em desafiar a lei mais fundamental da economia, e a tendência é entregar-se às necessidades ilimitadas esquecendo-se que os recursos não o são. Surgem, então, de forma um tanto paternalista, tantos ministérios quantas são as demandas e espalha-se uma falsa sensação de que a população será melhor assistida. Cada novo prédio construído para abrigar seus projetos gera mais despesas e um valor importante sequer chega a sair dali, servindo apenas para custear a estrutura.
O que não se pergunta e que é, de fato, o mais importante, é por que um trabalhador deve ser impedido de desfrutar livremente do resultado do seu esforço para sustentar o crescimento do Estado. O cidadão é a única fonte de recursos disponível, e todas as contas acabam em cada um de nós. Ainda que a fatia dos tributos fosse razoável, coisa que não é – o Dia da Liberdade de Impostos será somente em 1º de junho neste ano –, não podemos desconsiderar que cada real gasto em um ministério qualquer não está mais disponível ao cidadão, tampouco poderá ser aplicado em outra área mais prioritária, como segurança. O foco é prejudicado, e a população fica desatendida.
Em um país como o Brasil, onde falta o básico, menos pode ser muito mais.