O mundo está alerta diante de mais uma ameaça de epidemia, com a possibilidade concreta de propagação do mosquito Aedes aegypti e das doenças que ajuda a disseminar. A maior preocupação é com o contágio descontrolado pelo zika vírus, apontado como causa da microcefalia em recém-nascidos no Brasil. A primeira reação efetiva, adotada pela Organização Mundial da Saúde, foi a convocação de uma reunião extraordinária, para esta segunda-feira, que oficializa o alerta mundial. O zika vírus passa a ser considerado uma ameaça internacional, depois de se alastrar ou pelo menos ser identificado em 23 países das Américas.
Organismos internacionais preparam-se para um mutirão que tenta evitar os erros cometidos quando do surto de vírus ebola, que foi negligenciado por meses antes de sair do controle. O Brasil está no centro deste debate e não pode menosprezar o alerta, até porque demorou-se para adotar medidas de combate ao mosquito e de apoio às mães de crianças com malformação craniana. É natural que, em meio às preocupações, surja o argumento de que o Brasil recebe neste ano, além das delegações de atletas de todo o mundo, milhares de turistas atraídos pela Olimpíada de agosto no Rio de Janeiro.
Os visitantes devem estar certos, mesmo que o evento ocorra num período em que a incidência do mosquito é quase nula, de que o país adotou providências para evitar que os danos provocados pelo Aedes aegypti continuem se multiplicando. Mas o principal objetivo do esforço governamental deve, antes, ser a defesa da saúde dos brasileiros, considerando-se principalmente que as populações pobres são as mais vulneráveis ao surto que agora alarma o mundo.
Medidas de prevenção, que mobilizarão inclusive soldados das Forças Armadas, devem criar entre a população a consciência de que todos, e não só o setor público, são responsáveis pela eliminação de focos de reprodução do mosquito. É uma medida banal, que não exige grandes esforços da população, mas que foi desprezada, durante anos, enquanto a maior ameaça era a dengue. O zika vírus, que comprometerá a vida de muitos brasileiros e de suas famílias, agrava a situação e expõe a extensão do desleixo.