Nos últimos dias, notícias de tragédias de grande proporção ganharam ampla repercussão nas redes sociais. Diversas casas de um distrito de Mariana (MG) foram devastadas por uma enxurrada de lama após o rompimento de barragens. Paris sofreu o pior atentado terrorista dos últimos anos. A guerra na Síria conta com 250 mil mortos até o momento.
É tanta catástrofe que o planeta parece ter sido coberto por uma sombra de terror. Perdemos pessoas, perdemos o Rio Doce, perdemos as esperanças. Afinal, quando foi que perdemos a nossa humanidade?
Em um mundo conectado, é possível saber tudo o que está acontecendo em todos os lugares. Porém, acompanhar as notícias sobre as tragédias me faz mais humano? As imagens de violência compartilhadas nas redes sociais me transformam em uma pessoa mais solidária, mais tolerante? As dores e o sofrimento de outros seres de minha espécie latejam e racham em minha própria pele?
Muito se tem falado sobre empatia. Escolas, empresas, governos e igrejas defendem a importância de se colocar no lugar do outro. Mas o que se vê nas ruas e em nossas caixinhas virtuais são discussões sem sentido. O ódio gratuito toma conta da esfera pública e nos confrontamos com discursos violentos para saber qual tragédia é a pior.
Penso que nesse momento, mais do que nunca, a Educação e a Arte são as vias que irão nos ensinar a compreender outros seres humanos, outras culturas. É através da Arte que nos tornamos mais sensíveis. Aisthesis, em grego, significa maravilhamento com o mundo. Faz-se necessário interagir e relacionar-se com pessoas diferentes de nós mesmos para que o reencantamento com a realidade floresça.
Para o filósofo Immanuel Kant, o sentimento estético provocado pelo contato com a Arte equilibra a razão e a imaginação. Já segundo o pedagogo John Dewey, a relação entre as pessoas é fundamental no processo de aprendizagem. É por meio do contato e da intimidade com outros seres humanos que nos desenvolvemos enquanto espécie.
É preciso despertar para uma sociedade na qual as relações humanas se tornem mais recíprocas e solidárias. Uma Educação de qualidade, antes de tudo, faz de nós pessoas melhores. A descoberta do outro, a partir da compreensão de visões de mundo diferentes da minha, pode ser apreendida pela Arte - seja ela literária, visual, teatral. Há esperança de nos tornarmos mais humanos.