A definição de cortes nos gastos governamentais e de outras medidas que busquem atenuar a crise econômica é apenas um dos aspectos do grandioso desafio que a presidente da República tem pela frente. A decisão tomada ontem, de cortar em torno de R$ 26 bilhões, inclui aumento de impostos e a defesa da volta da CPMF. Como o governo defende, de forma categórica, que não há outra saída que não passe por mais tributos, o que se exige agora é que o Congresso passe a fiscalizar a contrapartida dos cortes anunciados. O tempo conspira contra o governo, que paga o alto preço dos equívocos da política econômica e das indecisões do segundo mandato. Se mostrar capacidade para gerenciar essa crise múltipla, a presidente Dilma poderá recuperar parte da confiança perdida. Se não oferecer respostas convincentes, terá de enfrentar um processo doloroso para se manter no poder em meio à insegurança de empresários e trabalhadores e à desaprovação de seus atos.
A senhora Dilma Rousseff passa a ser confrontada também com o agravamento do impasse político, que fragiliza sua base de apoio parlamentar e faz com que volte a ser considerada a hipótese de encaminhamento do processo de impeachment. Esta será, portanto, uma semana em que a presidente terá de agir para administrar os cortes, contornar a crise política que ameaça seu mandato e negociar com um Congresso dividido a aprovação dos projetos de aumento de tributos. O Executivo terá de agir com efetividade, para corresponder às expectativas de quem ainda aposta na capacidade de reação do governo.