Há um componente de disparate na ideia lançada pelo governo, para testar reações, sobre a possível legalização do chamado jogo de azar no país. Este é um assunto sempre presente, mas seu retorno à pauta se dá sob o estranho pretexto de que assim o governo poderia amenizar suas dificuldades financeiras. É uma tentativa a reboque do fracasso da proposta de volta da CPMF. Como o Congresso e o setor produtivo reagiram na contramão dos argumentos do Executivo, de que o imposto provisório é uma necessidade, alguém no governo decidiu sugerir que, se jogar mais do que faz atualmente, a população poderia ajudar, via impostos, a salvar o setor público.
É mais uma tese esdrúxula, em meio aos esforços para resolver o rombo no Orçamento. Como se sabe, cassinos e bingos estão proibidos no país, esses por iniciativa do ex-presidente Lula em seu primeiro mandato e aqueles desde o governo Dutra, nos anos 1940. Embora a proposta mereça ser examinada, em outras circunstâncias, levando-se em conta também suas consequências sociais, não pode ser vista como solução mágica. A questão da liberação ou não dos chamados jogos de cassino - roletas, cartas, bingos e outros - não deve ser vista sob um pretenso ponto de vista moral, até porque outros tipos de apostas são amplamente praticados no país.
O que não se admite é a reativação do debate sobre o assunto no contexto de uma crise, como se essa fosse uma das saídas mágicas à disposição do governo. O encaminhamento de soluções para as dificuldades de caixa da área federal é a racionalização da gestão de receitas e despesas. O país só irá superar a crise quando controlar gastos, reduzir o tamanho da máquina administrativa e investir na retomada do crescimento.