Paulo Germano é um ser indomável, como todo bom colunista. Sim, porque colunista que o leitor adora é aquele que tem a alma – e a escrita – livre. Colunista bom ora nos encanta, ora nos irrita. Às vezes, escreve de um jeito que a gente pensa "mas parece que ele está dentro da minha cabeça e sente o que eu sinto". Em outro momento, quase o colocamos na mesma categoria daquele hater do Facebook. Hater, para quem não sabe, é o cara que destila ódio pelos dedos nas redes sociais.
Voltando ao PG. Demos a ele mais espaço no jornal. Agora escreve todo dia na editoria Porto Alegre, além de sua tradicional coluna do caderno DOC aos fins de semana. E já de início (estou brincando), o guri está me dando trabalho. O caso foi o seguinte: o PG escreveu sobre um tal encontro que vai acontecer no Parque da Redenção, coração de Porto Alegre, um símbolo-mor da cidade, bem pertinho, imaginem só, do Monumento ao Expedicionário. Funciona assim: a camiseta diz o que você quer. Se for preta, significa "é só grudar". Se for vermelha, é "beijo triplo". E assim por diante.
Organizado por uma turma de estudantes do Ensino Médio de Viamão, o espantoso encontro tem como objetivo beijar vários no mesmo dia. O curioso é o que acontece agora: a coluna do PG, que simplesmente falava da existência do encontro, sem julgar, recomendar ou desaprovar, provocou reações opostas.
Primeiro, vamos a alguns exemplos de quem criticou o colunista por abordar o assunto. Todas essas repercussões me chegaram por e-mail:
"Há tempos venho me posicionando contra a linha editorial da ZH, absurdamente pautada pela mentalidade esquerdista do politicamente correto. ... Hoje, pela enésima vez, deparo com outra de tantas monstruosidades publicadas, a matéria 'A cor da pegação'. Nada contra a oportunidade jornalística de tratar o tema, mas tudo contra a neutralidade hipócrita da empresa e de seu jornalista que abdicou do crivo moral que o referido empreendimento pretende, disfarçadamente, atacar. ... A senhora, na posição que ocupa, não pode ignorar o fato de que certos eventos têm por trás interesses de pautas políticas bem definidas", escreveu um leitor.
"Vergonhosa a matéria 'A cor da pegação'. Para quem tem filhos que nem o tenho, obriga-me desaconselhar a leitura do referido jornal", escreveu outro.
"Está sendo feita uma propaganda gratuita deste evento, em local onde as crianças desfrutam as suas alegrias com seus pais", disse um terceiro.
Já nos meios digitais (comentários na própria matéria e nas redes sociais), o pessoal se dividiu, entre críticas, apoio e quem levou na brincadeira. Michelle Teixeira, da nossa equipe de redes sociais, avaliou: "A repercussão pode ser considerada mista pelos comentários. Pessoas apoiando o assunto e outras criticando. Quanto às reações, podemos dizer que a maioria levou o assunto na brincadeira, já que 976 marcaram a reação "haha"; 154 marcaram o emoji "bravo"; 292 a reação de surpresa. Outros 3.023 apenas curtiram". Dois exemplos de apoio abaixo:
O que Zero Hora deveria fazer? Falar ou não do assunto? Na minha opinião, se existe um evento assim no coração da cidade, não podemos ignorar. Inclusive para informar aos pais que esse tipo de evento está ocorrendo e colocar o assunto em discussão na sociedade. O evento vai acontecer no dia 5. Minha ideia é não apenas cobrir, mas fazer uma reportagem em que haja debate sobre o fenômeno, com todas as posições contra e a favor. Dentre os papéis da imprensa, está o de apontar e debater em profundidade novos fenômenos comportamentais.