A Polícia Federal (PF) já indiciou oito pessoas por fraude em programas de saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Seis dos indiciados estão presos: Sergio Nicolaiewsky, ex-vice reitor da UFRGS e atual diretor-presidente da Faurgs; Ricardo Burg Ceccim, um dos coordenadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem; Alcindo Ferla, que atua na Escola de Enfermagem da universidade; Simone Chaves, professora da Unisinos; Marisa Behn Rolim, servidora da UFRGS; e a filha dela, Priscila Behn Rolim Coronet.
Também foram indiciados Heider Aurélio Pinto e Maurício Moraes. Os oito foram indicados pelos crimes de estelionato, associação criminosa e falsidade ideológica e documental. O prazo das prisões temporárias termina nesta terça-feira (13).
Na semana passada, a PF deflagrou a Operação PhD, que investiga fraude e desvio de recursos envolvendo bolsas de estudos e programas de ensino na área da Saúde Pública vinculados à Escola de Enfermagem da UFRGS. O delegado Aldronei Rodrigues coordena a investigação.
"Já ouvimos os primeiros principais suspeitos. A investigação segue, e há outras pessoas que estão sendo investigadas", conta.
Após a operação ser deflagrada, o Ministério da Saúde suspendeu temporariamente o repasse de recursos para os programas suspeitos de fraude.
Contrapontos obtidos por Zero Hora, após a operação da PF:
O que diz Paulo Magalhães Filho, advogado da Faurgs
A Faurgs está sendo absolutamente colaborativa e, assim que tomar ciência do conteúdo total da investigação, vai se posicionar.
O que diz André Callegari, advogado do Sergio Nicolaiewsky
Ainda não tivemos acesso ao material apreendido. Mesmo ssim, ele (Sergio) está prestando esclarecimentos de boa fé. Na condição de presidente da Faurgs, ele só dirige a entidade, mas os projetos são de responsabilidade dos respectivos coordenadores, que têm autonomia para trabalhar. Existe um princípio da confiança. Se presume que os coordenadores estão fazendo o correto dentro daquilo que está sendo executado. Como a prisão dele é temporária, vou aguardar o depoimento para ver se vão liberá-lo ou não. Se não houver isso, entraremos com pedido de liberdade.
O que diz a UFGRS
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi surpreendida nesta sexta-feira, dia 9, com a notícia sobre operação desencadeada pela Polícia Federal relacionada a fraudes no Programa de Extensão em Saúde Coletiva – Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Diante disto, cumpre-nos informar: as denúncias ora veiculadas restringem-se unicamente aos programas citados; a UFRGS, até o presente momento, não foi procurada por nenhuma instância para tratar sobre o assunto; acompanha com muita atenção os desdobramentos das investigações; coloca-se à disposição para auxiliar em todos os esclarecimentos que se fizerem necessários para a elucidação dos fatos.
O que diz a Escola de Enfermagem
A diretoria do curso ainda não se manifestou.
O que diz Karla Sampaio, advogada de Ricardo Ceccim e de Alcindo Ferla
Estamos tranquilos em relação às acusações. Nada do que foi noticiado se verifica. Não tive acesso aos autos nem à investigação, mas pelo que conversamos não há procedência. Acredito que eles serão liberados no fim de semana, pois se trata de prisão preventiva de cinco dias.
O que diz a professora da Unisinos Simone Chaves
ZH não conseguiu contato com a professora ou seu advogado.
O que diz a Unisinos
A Unisinos tomou conhecimento nesta sexta-feira, pela imprensa, de operação realizada pela Polícia Federal que apura desvio de recursos de programas federais de incentivo à pesquisa, especialmente do Projeto SUS Educador, em projetos relacionados à área de Educação em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Unisinos informa que não tem vínculo com os projetos objeto da investigação. Informa, ainda, que as ações da Polícia Federal não têm por alvo a Unisinos e que, dentre as pessoas referidas na investigação, está uma pesquisadora da Universidade que realizou seu mestrado e doutorado na UFRGS.
Segundo a universidade, a professora e coordenadora do mestrado profissional em Enfermagem da Escola de Saúde da Unisinos, Simone Edi Chaves, presa na operação, está afastada das funções até o término das investigações.
O que diz o médico Hêider Aurélio Pinto, ex-secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e que obteve título de mestre na UFRGS
ZH não conseguiu contato com o médico ou seu advogado.
O que dizem Marisa Behn Rolim, servidora da universidade e secretária do PESC/PPGCol, e a filha dela, Priscila Behn Rolim Coronet
Procurado, o advogado Emilio Millan Neto ainda não deu retorno.
O que diz Maurício Moraes
A Rádio Gaúcha não conseguiu contato com o indiciado.