O Ministério Público Federal em Brasília (MPF-DF) denunciou à Justiça o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o filho dele, Luiz Cláudio Lula da Silva, e mais duas pessoas no âmbito da Operação Zelotes. Os quatro são acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa.
De acordo com o MPF, a denúncia ocorre após as investigações apontarem o envolvimento de Lula, Luiz Cláudio e do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni - também denunciados - em negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro.
Ainda segundo os investigadores, há indícios de irregularidades na prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio de uma medida provisória. Os crimes teriam sido praticados entre 2013 e 2015 - quando Lula já havia deixado a presidência.
Conforme o MPF, o ex-presidente integrou um esquema para beneficiar empresas automotivas que eram clientes da empresa de Marcondes e Cristina. Segundo a denúncia, Lula prometia interferir junto ao governo para beneficiar as montadoras.
Em troca, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni teriam repassado a Luiz Cláudio pouco mais de R$ 2,5 milhões.
Réu em 3 ações penais
O ex-presidente Lula já é réu em três ações penais. A última denúncia contra ele foi aceita em outubro, pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. Nela, o petista é acuso de participação em fraudes envolvendo contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nas outras, Lula é acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato e de receber vantagens indevidas da construtora OAS - entre elas, a reforma no tríplex do Guarujá, em São Paulo.
Contraponto
Em nota, a defesa de Lula afirma que a denúncia do MPF está baseada em “procedimentos que tramitavam de forma oculta e sem acesso à defesa”. O texto também nega a participação do ex-presidente e do filho no suposto esquema.
“Afirmar que Lula interferiu no processo de compra dos caças em 2014 significa atacar e colocar em xeque as Forças Armadas Brasileiras e todas as autoridades que acolheram o parecer emitido por seus membros”, diz trecho da nota, assinada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira.