Alô, governantes! Alô, secretários de segurança! Alô, legisladores! Alô para quem já ocupou esses cargos! Alô, fraudadores e sonegadores! Alô, quem compra drogas! Alô, quem compra produtos roubados! Alô, quem defende a bandidagem! O recado é para vocês. A sociedade grita para vocês ouvirem. Chega de sermos bonzinhos. Chega de assistirmos quietos. Vocês são os responsáveis por tantas mortes absurdas. Sim, vocês são responsáveis e não podem fazer de conta que não ouvem.
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Frederico Colnaghi de Almeida, 22 anos, Osvaldo Morgenstern Câmara, 67 anos, Elvino Nunes Adamczuk, 48 anos, Laura Machado Machado, 7 anos, Josés, Marias, Joãos, Lúcias. Nomes de vítimas da nossa guerra urbana. Gente que morre todos os dias. No dia seguinte, todos viram só estatísticas para os governos, enquanto familiares e amigos jamais voltarão a ver pessoas amadas. Seria ilusão imaginar o país sem crimes, mas vivemos uma guerra.
O Brasil tem mais de 50 mil homicídios por ano. Sem contar os latrocínios. A presidente Dilma Rousseff age como se fosse absolutamente normal. Não ouço uma palavra. O governador José Ivo Sartori nem fala. O secretário da Segurança do Rio Grande do Sul, Wantuir Jacini, relativiza a realidade. Os atuais gestores não podem ser culpados sozinhos, carregar todo o peso nos ombros. Quem já deixou os cargos tem tanta culpa ou até mais. Mas quem está no poder chegou lá para resolver.
Quem será a próxima vítima? Eu, tu ou ele? A guerra urbana não tem perspectiva de melhorar, muito menos de acabar. O problema social aumenta a violência? Sim. Mas como explicar que a violência só cresceu num período em que o Brasil reduziu o número de miseráveis? Impunidade. Bandido sabe que será preso, ficará com seus parceiros na cadeia e voltará para a rua. É uma etapa certa na vida do criminoso. Ele não teme.
Nós somos bonzinhos com eles. Ladrão precisa ficar preso em cadeias com celas para poucos apenados, sem acesso a drogas e celular, sem controle das facções, sem regalias e sem progressão. Se for condenado a 10 anos, que fique 10 anos preso, sem aberto ou semiaberto. Se quiser, trabalha na cadeia. A masmorra chamada Presídio Central é boa para o crime e ruim para a sociedade. O sistema prisional alimenta a violência urbana aqui e em outras regiões do Brasil. O poder público precisa ter o controle verdadeiro. Se não controla os presídios, como vai controlar as ruas.
E nós continuamos atrás das grades.