Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade na manhã desta segunda-feira (3), o deputado federal Elvino Bohn Gass, reeleito pelo PT, defendeu uma investigação profunda sobre a fraude envolvendo financiamentos do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ele falou após pronunciamento na Câmara Federal, na semana passada, e depois de ter acesso ao inquérito.
A Polícia Federal investiga suposto desvio de valores das contas de agricultores na região do Vale do Rio Pardo para a Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses (Aspac) e depois para contas de dirigentes e ex-dirigentes. Nas escutas telefônicas, dois dos seis investigados na região falam no nome do parlamentar e em outro trecho ele conversa com os suspeitos. Uma das hipóteses dos investigadores é de que o dinheiro possa ter sido usado para a campanha eleitoral.
Bohn Gass questionou o período em que os fatos foram divulgados: quatro dias antes do primeiro turno das eleições e três dias antes do segundo turno. Segundo ele, o que deixa a entender uma possível intenção de prejudicar sua campanha política. O petista também disse que houve uma injustiça pelo fato de que o seu nome é mencionado por terceiros e quando aparece nas escutas telefônicas, faz questão de deixar claro que o assunto foi apenas renegociação de dívidas agrícolas.
"A minha fala é sem códigos, palavra cifrada, valores, só transparência... Vou botar 40 anos de trabalho no lixo? Meu mandato não tem preço", afirmou.
Investigação
Bohn Gass pede não só uma interpelação dos seus advogados para identificar e tomar providências sobre a inclusão de seu nome na suposta fraude, mas pede também uma investigação nos financiamentos do Pronaf e sobre ele próprio.
Ao ser questionado se houve um mal entendido ou se alguém quer prejudicá-lo, o deputado voltou a destacar a apuração para saber o que houve. Em reunião no Ministério da Justiça, o parlamentar pediu ainda que seja apurado o vazamento das informações por entender que deixa a investigação mais frágil. O político disse ainda que desconhecia as denúncias sobre irregularidades, mas que existem mencanismos de investigação específicos para isso.
Campanha
Bohn Gass negou que o dinheiro, que teria sido desviado das contas de pequenos agricultores, fosse para sua própria conta bancária ou para a campanha política dele. Ao ser questionado novamente se sabia que valores fossem repassados para a campanha do PT, ele apenas voltou a falar que qualquer suposta irregularidade está sendo apurada.
A Polícia Federal segue investigando o caso, mesmo após o vazamento das informações antes que ocorresse, no início do mês passado, uma operação na região de Santa Cruz do Sul.
Ouça a entrevista com o deputado