A Polícia Federal (PF) confirmou, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11), o envolvimento de pelo menos 60 pessoas na investigação que resultou na prisão de sete pessoas nesta manhã, entre elas um ex-prefeito de Triunfo e dois secretários municipais. Segundo a PF, eles fazem parte de um grupo criminoso que aparelhou a prefeitura e Câmara de Vereadores da cidade e se revezou no poder nos últimos 20 anos para comprar votos e obter vantagens pessoais a partir de contratos sem licitação, pagamentos indevidos de diárias e horas-extras, além da cobrança de percentuais sobre os salários de cargos de confiança nomeados pelos políticos.
"Alguns CC’s entregavam até 80% do salário ao fim do mês. Além disso, uma empresa contratada para serviços gerais sem licitação oferecia cotas de emprego para livre nomeação pelos agentes públicos, que indicavam pessoas em troca de votos na eleição", afirma o superintendente da PF no Rio Grande do Sul Sandro Caron. Ainda segundo ele, mesmo com a cassação de dois prefeitos e vereadores nos últimos anos, a fraude se perpetuou a partir da entrada de novos agentes públicos que davam continuidade ao esquema.
A Polícia Federal ainda não calculou o prejuízo aos cofres públicos, mas nos mandados de busca cumpridos nesta manhã foram encontrados mais de R$ 60 mil em dinheiro vivo, além de cheques em branco já assinados. Segundo a investigação, as folhas eram utilizadas por agentes políticos que gastavam o dinheiro diretamente da conta dos CC’s que entregavam parte dos salários.
A investigação começou na eleição de outubro de 2012, a partir da compra de votos em um cheque de R$ 2 mil. De acordo com a PF, o número de investigados pode aumentar. No entanto, a Polícia Federal não encontrou até o momento, indícios de envolvimento do atual prefeito Mauro Poeta (PMDB), eleito em pleito suplementar no começo deste ano, após a cassação de José Ezequiel Meireles (PDT), que foi preso hoje. Também foram presos o irmão dele e secretário de Mobilidade Urbana, José Meireles de Souza e esposa do ex-prefeito e secretária de Meio Ambiente, Simone Bombassaro. Além deles, foram detidos o ex-presidente da Câmara de Vereadores Juvandir Leotte Pinheiro e a contadora do Poder Legislativo.
A expectativa da PF é que o volume de provas e evidências produzidos na investigação sejam suficientes para que a Justiça responsabilize o grupo e assim evite a rearticulação da quadrilha. Ao todo, foram cumpridos 40 mandados de busca, seis de condução coercitiva e ainda 26 ordens judiciais de afastamento e proibição de ocupação de cargos públicos.