Em 2008 havia 1068 mulheres presas no Rio Grande do Sul. Hoje, esse número chega a 1950. Um aumento de 80% nos últimos cinco anos. Com a abertura da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, em 2011, não há problema de superlotação no regime fechado. Mas, segundo Sidnei Brzuska, juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, faltam vagas no semiaberto.
O aumento da população carcerária feminina gera prejuízos à sociedade. Prejuízos maiores que os delitos. O juiz Sidnei Brzuska alerta para o fato de que muitas crianças ficam abandonadas.
A maioria das apenadas paga por crime de associação ao tráfico, é verdade. Mas existe um movimento de tomada do poder no mundo do crime. Cada vez mais as mulheres assumem o comando de quadrilhas e organizações criminosas. I.S.M., 33 anos, começou a traficar quando tinha apenas 15. Largou emprego e, sozinha, começou uma nova vida. Financeiramente, compensava. Ela afirma que tinha uma vida boa e estabilizada e que não era mais empregada de ninguém. Entretanto, para a G.F., outra apenada, era muito mais que compensação. O dinheiro do tráfico era sedutor, muito mais do que ela tinha imaginado.
Assim as mulheres vão tomando conta. Segundo especialistas, são mais organizadas, deixam menos rastros e, consequentemente, têm mais sucesso. O delegado Rodrigo Zucco, do Denarc, diz que o movimento já é evidente para a Polícia Civil.
I.S.M. foi condenada a 12 anos, 5 meses e 28 dias de prisão. G.F. ainda não sabe quanto tempo vai ficar, mas as acusações são pesadas. A maioria afirma que quer trabalhar pra nunca mais voltar. Arriscam sonhar, inclusive. Mas a verdade é que é muito difícil abandonar o mundo do crime e isso raramente acontece. A reincidência é cada vez maior. Hoje, as mulheres representam 6% da população carcerária do Estado. Quase duas mil foram condenadas, e o número só aumenta.