
A China e a União Europeia (UE) anunciaram nesta quarta-feira (9) novas medidas de retaliação ao tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump. Os chineses passarão a tarifar em 84% enquanto europeus elaboraram uma lista de produtos norte-americanos que estarão sujeitos a tarifas de importação.
A nova tarifa chinesa representa uma alta de 50% sobre os 34% que já haviam sido anunciados pelo governo chinês na semana passada. A medida entrará em vigor a partir da 00h01min (horário local) desta quinta-feira (10).
Nesta quarta-feira, entraram em vigor as novas tarifas de 104% dos Estados Unidos sobre a China. No entanto, não satisfeito com a retaliação, Trump determinou elevar a tarifa aos 125%.
A UE disse que já poderá aplicar as tarifas a partir de 15 de abril sobre os produtos norte-americanos listados. No entanto, a medida pode ser suspensa a qualquer momento, caso os EUA aceitem um acordo "justo e equilibrado".
Para China, EUA faz "intimidação econômica"
A nota emitida pelo Ministério das Finanças da China justifica que a decisão se baseia nos "princípios básicos do direito internacional".
"A China insta os EUA a corrigirem imediatamente suas práticas equivocadas, a cancelarem todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China e a resolverem adequadamente as diferenças por meio de um diálogo igualitário, baseado no respeito mútuo", diz a nota.
O ministério chinês classifica o aumento de tarifas adicionais pelos americanos contra o país como "um erro em cima de outro" e alega que a medida infringe gravemente os direitos e interesses legítimos da potência asiática, além de prejudicar o sistema comercial multilateral baseado em regras e impactar "seriamente" a estabilidade da ordem econômica global.
"É um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica", acrescenta a nota.
Europa prepara terreno para retaliação
Os países-membros da União Europeia (UE) aprovaram nesta quarta-feira (9) lista inicial de produtos norte-americanos que estarão sujeitos a tarifas, dando ao bloco o poder de impor taxas sobre alguns itens já a partir de 15 de abril.
O bloco de 27 países enfrenta, desde o mês passado, tarifa de 25% sobre automóveis, aço e alumínio. Entrou em vigor, nesta quarta-feira, outra específica para o bloco europeu de 20%.
O pacote, que afeta produtos como soja, suco de laranja, carne e motocicletas, é uma resposta às tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio implementadas no mês passado pela Casa Branca.
O uísque norte-americano foi retirado da lista em uma medida que visa proteger os fabricantes de bebidas do bloco.
Medidas "podem ser suspensas"
Em comunicado, a Comissão Europeia saudou a decisão tomada pelos países do bloco e enfatizou que as medidas "podem ser suspensas a qualquer momento" caso os Estados Unidos aceitem um acordo "justo e equilibrado".
"A UE considera as tarifas americanas injustificadas e prejudiciais, e causam danos econômicos a ambas as partes, assim como à economia global", disse a comissão, braço Executivo da União Europeia, em seu comunicado.
A União Europeia, acrescentou o documento, expressou "sua clara preferência por encontrar resultados negociados com os EUA, que seriam equilibrados e mutuamente benéficos".
Tarifaço de Trump
Novas tarifas dos Estados Unidos sobre quase 60 países, incluindo 104% sobre a China, entram em vigor nesta quarta-feira (9). As taxas afetam também os 27 membros da União Europeia – com 20% de cobrança.
Washington diz estar aberto a negociações, e Trump afirmou sua disposição de fechar acordos "sob medida" com os países aos quais impôs tarifas.
Durante um jantar com representantes republicanos, o presidente comemorou o fato de que dezenas de países – incluindo a China, disse ele – "estão fazendo tudo o que podem" para buscar um acordo.
— Eles estão me bajulando — ele disse.
Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu para "evitar a escalada" durante uma entrevista por telefone com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
De acordo com um porta-voz europeu, o bloco pode apresentar sua resposta "no início da próxima semana".
A UE está considerando impor tarifas de 25% sobre uma série de produtos dos Estados Unidos. No entanto, decidiu excluir o bourbon para evitar retaliações contra vinhos e destilados europeus, de acordo com a lista analisada pela AFP.
— O objetivo é chegar a uma situação em que o presidente Trump reverta sua decisão — disse o presidente francês Emmanuel Macron na terça-feira (8).