Uma brasileira de 32 anos morreu na sexta-feira (3) ao cair da janela de um apartamento no quarto andar de um prédio na província de Breda, na Holanda. Taiany Caroline Martins Matos estava com o namorado, um holandês de 53 anos com quem morava. Ele disse à polícia que ela se pendurou na janela, desequilibrou-se e caiu.
A família de Taiany afirma que o relacionamento era abusivo e suspeita que o namorado tenha jogado a brasileira pela janela. A identidade do holandês não foi divulgada.
Taiany nasceu em Brasília, era pedagoga e morava na Bélgica desde 2019. Segundo a família relatou nas redes sociais, a brasileira falava vários idiomas, gostava muito de viajar e se mudou para a Europa em busca de uma vida melhor. Inicialmente, ela trabalhou em uma pizzaria e, há três anos, conheceu esse holandês. Foi então morar com ele na Holanda e deixou de trabalhar, segundo a família, porque ele não permitia.
Em novembro, Taiany fez aniversário e ganhou de presente uma viagem ao Brasil. Chegou em 14 de novembro e, no período em que permaneceu com a família, foi bastante vigiada pelo namorado, que não permitia que ela saísse de casa, relatam familiares.
Embora os parentes tenham tentado convencer a pedagoga a permanecer no Brasil, ela alegou que gostava do namorado e que eles pretendiam se casar. Em 27 de dezembro, Taiany se despediu da família e voltou para a Holanda.
A brasileira e o namorado passaram o Réveillon em Paris e, ao voltar para a Holanda no dia 2, ela saiu com amigas — contra a vontade do namorado, segundo as amigas contaram aos familiares de Taiany. Ele teria ligado diversas vezes para ela durante a noite e madrugada. Para tranquilizar a brasileira, as amigas a acompanharam até o apartamento em que ela morava com o holandês e ficaram lá até as 10h da sexta-feira (3).
Depois disso, já sozinha com o companheiro, a brasileira chegou a telefonar para as amigas e dizer que estava com medo, mas o que aconteceu no apartamento é um mistério. Vizinhos do imóvel afirmam ter ouvido alguém gritar "não faça isso, não faça isso" e disseram que "parecia que alguém estava sendo atacado", segundo relatos publicados pelo jornal BN DeStem.
A família de Taiany afirma que a polícia holandesa registrou o caso e, numa investigação de apenas um dia, concluiu que a queda não foi criminosa, admitindo a versão do namorado da brasileira. A reportagem tenta contato com as autoridades holandesas para saber se esse foi o encaminhamento dado à investigação.
A família lançou uma vaquinha para conseguir o translado do corpo de Taiany, que vai custar cerca de 7 mil euros (pouco mais de R$ 44 mil).
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que acompanha o caso e se disponibiliza a prestar auxílio à família de Taiany.
Nota do Itamaraty
"O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Amsterdã, acompanha o caso e permanece à disposição para prestar assistência consular aos familiares da cidadã brasileira.
O atendimento consular prestado pelo governo brasileiro é feito a partir de contato do cidadão interessado ou, a depender do caso, de sua família. A atuação consular do Brasil pauta-se pela legislação internacional e nacional. Para saber o que uma repartição consular do Brasil pode ou não fazer, recomenda-se consulta à seguinte seção do Portal Consular do Itamaraty: https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/portal-consular/assistencia-consular
Informa-se que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais. O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017.
Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não fornece informações detalhadas sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros."