Um juiz adiou uma audiência na qual decidiria sobre um pedido de prisão preventiva contra Evo Morales pelo suposto abuso de uma menor enquanto o ex-presidente estava no poder. O adiamento se deu por uma ausência de Morales devido a problemas de saúde, segundo seus advogados, informou o Ministério Público.
A audiência, na qual não foi permitido o acesso da imprensa, foi adiada para a próxima sexta-feira (17), disse à AFP a promotora Sandra Gutiérrez, que conduz a investigação contra Morales.
"A audiência foi iniciada, no entanto não foi possível prosseguir porque os advogados de defesa (...) apresentaram um atestado médico" recomendando que Morales faça "repouso absoluto de cinco dias", informou a promotora.
O juiz Nelson Rocabado ordenou que a defesa envie o atestado em um prazo de 48 horas.
O Ministério Público, por sua vez, anunciou que pedirá que o atestado seja verificado pela autoridade forense.
Segundo Gutiérrez, o informe médico indica que Morales sofre de broncopneumonia e bradicardia "em estudo".
Morales (2006-2019), de 65 anos, é acusado pelo Ministério Público de abusar de uma menor.
De acordo com a promotoria, Morales e a menor mantiveram um relacionamento em 2015, quando ela tinha 15 anos. Eles teriam tido uma filha um ano depois, e os pais da jovem teriam consentido com a relação em troca de benefícios.
O líder cocaleiro já tem uma ordem de prisão em aberto por não ter comparecido para depor diante do Ministério Público durante a investigação. Morales foi formalmente acusado em dezembro.
Na segunda-feira, a defesa do ex-presidente informou que ele não se apresentaria à audiência alegando falta de intimação, o que foi rejeitado pelo Ministério Público.
O juiz pode ordenar a prisão de Morales se entender que sua ausência foi injustificada, além de proibi-lo de sair do país e decretar a indisponibilidade preventiva de seus bens.
Embora Morales tenha rejeitado anteriormente a denúncia, afirmando que esta se baseia em fatos que foram investigados em 2020 sob a figura penal de "estupro" - que envolve ato sexual com menores de 14 a 18 anos -, o MP agora foca na acusação de "tráfico de menor".
O ex-presidente afirma ser vítima de um "lawfare" (guerra jurídica) liderado pelo governo de Luis Arce, seu antigo aliado, para "eliminá-lo" politicamente.
Arce e Morales disputam a candidatura da esquerda para as eleições do próximo mês de agosto, embora o líder cocaleiro tenha sido declarado inelegível pela justiça por já ter atingido o limite de mandatos presidenciais.
* AFP