O secretário-geral da Organização Marítima Internacional (OMI), o panamenho Arsenio Domínguez, afirmou nesta terça-feira (14) à AFP que o Canal do Panamá "continuará" sob controle deste país, em resposta a declarações do próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Isso não é da competência do secretário-geral, já que não é algo que se regula dentro da organização, mas para mim está muito claro e não é um tema de tanta discussão, porque os tratados foram assinados em 1977. O canal passou para as mãos do Panamá, que continua operando essa via aquática vital e assim continuará", declarou Domínguez.
O dirigente panamenho, que se reuniu com a imprensa internacional em Londres na sede da organização marítima ligada à ONU para discutir os objetivos estabelecidos para o ano de 2025, defendeu enfaticamente a soberania do canal por parte do Panamá.
"Não há mais nada a dizer", acrescentou Domínguez à AFP.
Trump, que assumirá o cargo de presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro, declarou em várias ocasiões que gostaria de retomar o controle do canal interoceânico de 80 quilômetros - construído pelos Estados Unidos, inaugurado em 1914 e transferido para o Panamá em 1999 após negociações complexas - caso o preço dos pedágios para navios americanos não seja reduzido.
- Declarações de Trump -
O próximo presidente americano recusou-se, no início do ano, a descartar ações militares para assumir o controle do Canal do Panamá, além de considerar a anexação da Groenlândia.
Questionado sobre se podia garantir que não utilizaria as forças armadas para tomar o controle do canal, uma artéria vital para a navegação mundial, e da Groenlândia, território autônomo da Dinamarca, Trump respondeu: "Não posso garantir, para nenhum dos dois."
"Posso dizer o seguinte: precisamos deles por razões de segurança econômica. Não vou me comprometer a isso [descartar ações militares]. Pode acontecer de termos que fazer algo", declarou Trump na ocasião.
O canal segue em operação sob administração panamenha, conforme tratado assinado em 7 de setembro de 1977, em Washington, pelo presidente americano Jimmy Carter e o general panamenho Omar Torrijos, com o apoio do presidente colombiano Alfonso López Michelsen, já que a Colômbia mantém direitos especiais de passagem pelo canal.
Arsenio Domínguez aproveitou a ocasião para resumir à AFP os objetivos globais que a OMI pretende alcançar.
"Principalmente, concluir todo o processo que temos conduzido há anos sobre a descarbonização", afirmou Domínguez.
- Reuniões ambientais da OMI -
A organização tem programadas duas reuniões em 2025 do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho (MEPC), de 7 a 11 de abril e de 13 a 17 de outubro.
O dirigente espera que, em outubro, sejam adotadas medidas técnicas e econômicas que facilitem e apoiem toda a transição rumo à descarbonização.
"Precisamos fazer tudo ao nosso alcance para cumprir as metas de redução das emissões, mas de maneira segura", acrescentou.
O panamenho destacou a importância da "transição energética e da produção de combustíveis alternativos seguros, que permitam à indústria marítima atingir os diferentes objetivos estabelecidos para 2030, 2040 e 2050".
Domínguez também incluiu entre suas metas "melhorar as áreas relacionadas à segurança dos navios e dos trabalhadores marítimos, especialmente em regiões mais desafiadoras como o Mar Vermelho e o Mar Negro".
"Queremos focar em investir mais nas pessoas, particularmente nos marinheiros. Melhorar a educação, o apoio que oferecemos e reduzir a criminalização", explicou.
* AFP