O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, propôs, nesta terça-feira (14), a presença de forças de segurança internacionais e um papel temporário para a ONU a fim de estabilizar Gaza quando a guerra terminar, mas acrescentou que Israel deve aceitar uma via para a criação de um Estado palestino.
Segundo o governo americano, as negociações no Catar estão prestes a resultar em um cessar-fogo na guerra devastadora desencadeada há 15 meses, quando combatentes do grupo islamista palestino Hamas lançaram um ataque em solo israelense que deixou 1.210 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em números oficiais israelenses.
A campanha de represália israelense em Gaza matou 46.645 pessoas, a maioria civis, segundo o ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.
Faltando alguns dias para deixar o cargo, Blinken reconheceu que Israel tem reservas, mas pediu uma nova abordagem.
"Durante muito tempo deixamos claro ao governo israelense que o Hamas não pode ser derrotado apenas com uma campanha militar", disse Blinken no centro de reflexão Atlantic Council, em Washington.
"Sem uma alternativa clara, um plano pós-conflito e um horizonte político crível para os palestinos, o Hamas ou algo igualmente repugnante e perigoso, voltará a crescer", afirmou.
Em linha com seus apelos desde o início da guerra, Blinken disse que Gaza deveria estar sob o controle da Autoridade Palestina, que agora controla a Cisjordânia de forma parcial e precária.
Blinken, que reconhece as limitações da Autoridade Palestina, afirmou que um número não específico de países ofereceu enviar tropas e policiais a Gaza depois da guerra.
- "Administração provisória" -
Segundo ele, a "missão de segurança provisória" incluiria tanto forças estrangeiras quanto "pessoal palestino verificado".
"Acreditamos que a Autoridade Palestina deveria convidar parceiros internacionais para ajudar a estabelecer e gerenciar uma administração provisória com responsabilidade sobre setores civis fundamentais em Gaza, como o bancário, a água, a energia e a saúde", disse Blinken.
A Autoridade Palestina a coordenaria juntamente com Israel e o restante da comunidade internacional, à qual se pediria financiamento.
Um alto funcionário da ONU a supervisionaria e seria implantada sob uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, acrescentou.
A administração interina incluiria palestinos de Gaza e representantes da Autoridade Nacional Palestina selecionados após consulta prévia com as comunidades em Gaza, especificou Blinken.
A autoridade interina "transferiria a responsabilidade completa a uma administração da Autoridade Palestina completamente reformada assim que seja possível", explicou.
O acordo de pós-guerra tomaria forma nas negociações após um cessar-fogo inicial, que tanto Blinken quanto o presidente Joe Biden dizem que está "prestes" a ser alcançado.
Trump tem apoiado os esforços para pôr fim à guerra, mas também está previsto que vá se aliar firmemente a Israel, país para o qual Biden desembolsou bilhões de dólares em armamentos, embora o tenha criticado ocasionalmente pelas mortes de civis palestinos.
Até agora, Netanyahu se opôs à ideia da criação de um Estado palestino.
Blinken, que foi interrompido por manifestantes pró-palestinos, criticou Israel pela forma como gerenciou o conflito.
O chefe da diplomacia americana ainda espera que um acordo de normalização entre Israel e a Arábia Saudita, que ele negociou mas não concluiu, se concretize porque acredita que fomentaria a moderação.
"A perspectiva de normalização entre Israel e Arábia Saudita representa a melhor oportunidade para alcançar o objetivo amplamente buscado de uma maior integração de Israel na região, e é também o melhor incentivo para conseguir que as partes tomem as decisões difíceis necessárias para cumprir plenamente as aspirações, tanto de israelenses quanto de palestinos", declarou Blinken.
* AFP