A chefa interina do escritório humanitário da ONU denunciou, nesta terça-feira (12), a "crueldade cotidiana" que sofre a população de Gaza, e que remete aos "crimes internacionais mais graves".
"Condenamos a morte, a destruição e a desumanização dos civis de Gaza, que foram expulsos de suas casas, privados de seu senso de pertencimento e dignidade, forçados a assistir à morte, queima e enterro de seus familiares ainda vivos", declarou Joyce Msuya, chefe interina do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), ao Conselho de Segurança.
"As palavras 'criança ferida, sem família sobrevivente' estavam escritas nos braços das crianças feridas. A maior parte de Gaza é agora um campo de ruínas", acrescentou, destacando também a disseminação da fome nesse território devastado pela guerra entre Israel e o grupo islamista Hamas.
"Estamos testemunhando atos que lembram os crimes internacionais mais graves", declarou Msuya.
"A última ofensiva israelense, que começou no mês passado no norte de Gaza, representa uma versão intensificada, extrema e acelerada dos horrores do ano passado", desde o início das represálias israelenses após o ataque mortal do Hamas em 7 de outubro de 2023, denunciou a funcionária.
"A crueldade cotidiana que vemos em Gaza parece não ter limites", e as condições de vida no território palestino "não se adaptam à sobrevivência humana", insistiu.
Esta reunião do Conselho foi dedicada mais especificamente ao alerta emitido há alguns dias pela Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), que advertiu sobre "uma probabilidade iminente e substancial de fome".
"Em outubro, a distribuição diária de alimentos caiu quase 25% em comparação a setembro", disse Msuya.
"Outubro foi o mês em que menos ajuda entrou em Gaza neste ano", havia declarado antes Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, destacando que "o nível de assistência humanitária que pode entrar em Gaza está longe de ser suficiente para ajudar as pessoas que precisam desesperadamente".
Após destacar o anúncio de Israel de abrir nesta terça-feira a nova passagem fronteiriça de Kissoufim para os caminhões com ajuda, Msuya sublinhou a necessidade de abrir "mais estradas para Gaza" e de levantar as "restrições" dentro do território.
* AFP